
O Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio) está buscando startups com projetos de bioeconomia na Amazônia para investimento de R$ 25 milhões. Os aportes podem variar entre R$ 1 milhão a R$ 10 milhões e pretendem contemplar 10 iniciativas.
O edital busca fomentar soluções que promovam sustentabilidade ambiental, geração de renda, uso inovador da biodiversidade amazônica e inclusão produtiva. “Vamos apoiar projetos que já estão operando para que eles cresçam e ganhem escala”, diz Carlos Gabriel Koury, diretor técnico do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), que coordena o programa.
Idealizado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), o PPBio tem como objetivo incentivar investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) das empresas do Polo Industrial de Manaus para geração de novos produtos, serviços e negócios voltados à bioeconomia amazônica.
A Lei de Informática (nº 8.387, de 1991) determina que as empresas de tecnologia e telecomunicação da Zona Franca de Manaus invistam ao menos 5% do seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento.
Para receberem investimento do programa, os negócios precisam desenvolver atividades relacionadas às áreas de: (1) biologia sintética, engenharia metabólica, nanobiotecnologia, biomimética e bioinformática; (2) processos, produtos e serviços destinados aos diversos setores da bioeconomia; (3) tecnologias de suporte aos sistemas produtivos regionais ambientalmente saudáveis; ou (4) tecnologias de biorremediação, tratamento e reaproveitamento de resíduos.
“Essa conexão pode ser no produto final ou em uma atividade meio. Por exemplo: um projeto de bateria ou de placa solar, por si só, não é elegível. Mas se for para instalar em uma comunidade que não tenha energia para desenvolver alguma atividade da bioeconomia, eventualmente pode se enquadrar”, explica Átila Denys, fundador da Axcell, gestora de investimentos com foco em negócios de impacto na Amazônia, que vai auxiliar na seleção e fazer a aceleração dos projetos.
Além do aporte financeiro em troca de uma participação acionária, as startups selecionadas vão receber suporte, mentoria, recursos e rede de contatos da Axcell e do Idesam para acelerar seu desenvolvimento e impacto.
Seleção
O PPBio vai contemplar projetos na Amazônia Ocidental (que abrange os Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima) e do Amapá. As startups interessadas têm até o dia 29 de julho para enviarem suas propostas por meio do formulário disponível no site da Axcell.
É necessário que a startup atenda aos seguintes pré-requisitos: ser constituída há no máximo 60 meses e estar regularizada; atuar com inovação na bioeconomia ou setores correlatos; ter equipe técnica e sede ou filial na Amazônia Ocidental ou no Amapá; e um representante legal que também resida na região.
Os critérios de seleção do programa incluem validação do modelo de negócio e a análise de das metas de crescimento da startup, com a previsão de ultrapassar receita bruta anual de R$ 4,8 milhões em até cinco anos após o aporte. Há ainda avaliação do impacto positivo para a região amazônica, a rentabilidade dos projetos e soluções inovadoras e sustentáveis que utilizam elementos materiais da biodiversidade.
As startups interessadas precisam mostrar como que seus negócios contribuem para o desenvolvimento econômico e como geram impacto positivo para o bioma. “Queremos deixar um legado na comunidade, com um negócio que seja produtivo, próspero e traga retorno”, diz Denys, da Axcell.
Empresas que têm projetos de bioeconomia mas não atuam na Amazônia podem se inscrever no edital, desde que tenham interesse em migrar para a região.
“É a oportunidade de vir aqui para a Amazônia com um capital mais resiliente e paciente, porque na bioeconomia os tempos são diferentes”, diz Denys. “Entre fazer um estudo de uma nova matéria-prima, desenvolver o produto, testar no mercado, são de 18 meses a 24 meses.”