Yvy perto de fechar aporte de R$ 300 mi na agtech Solinftec

Gestora de Paulo Guedes e Gustavo Montezano vai dividir investimento em duas partes; startup brasileira desenvolve robôs para a lavoura

Robô autônomo da Solinftec em operação na fazenda
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A Yvy Capital, gestora fundada no ano passado por Paulo Guedes (ex-ministro da Fazenda) e Gustavo Montezano (ex-BNDES) com a tese de investir na descarbonização da economia, está prestes a fazer sua estreia com um aporte na Solinftec, startup brasileira de agricultura de precisão.

As negociações estão na reta final e o aporte deve ser anunciado em breve. Está previsto um investimento total de R$ 300 milhões, como antecipou o The Agribiz. O aporte será feito em duas etapas, uma agora e outra no primeiro trimestre de 2025. 

A Yvy mandatou Itaú BBA e UBS para levantar um fundo para a transação e a captação ainda não está completa. Diante da necessidade de caixa da Solinftec para seguir com seus planos de crescimento, optou-se por fazer a transação em duas tranches, segundo pessoas familiarizadas com a operação. 

A Yvy terá assento no conselho e será uma das principais investidoras da Solinftec, que já conta com Unbox Capital (fundo com recursos da família Trajano), a gestora 10b, Blue Like an Orange e Lightsmith Group. Os investidores anteriores não devem acompanhar a rodada.

Yvy e Solinftec não comentaram.

A Solinftec foi fundada em 2007 pelo cubano Britaldo Hernandez e é uma das empresas que simboliza as aspirações de crescimento das agtech brasileiras. Um de seus principais produtos é o robô Solix.

O equipamento é uma “plataforma robótica”, segundo a empresa. Com câmeras e sensores, o Solix percorre as plantações monitorando as culturas e exterminando pragas de forma localizada. Esse tipo de precisão reduz o uso de herbicidas em até 85%, de acordo com a Solinftec.

A tecnologia desenvolvida no interior de São Paulo está ganhando terreno nos Estados Unidos. A empresa tem 45 robôs Solix operando em fazendas americanas. “Temos robôs em cooperativas grandes e pequenas, produtores individuais e em uma grande empresa de químicos. Eles têm uma presença representativa no Meio Oeste”, que é a principal região agrícola do país, disse Hernandez em conversa com o Reset em junho.

O objetivo da empresa é acelerar a expansão tanto aqui como no exterior e adicionar funcionalidades aos robôs. Hernandez mencionou sensores capazes de medir o estoque de carbono e o nível de nitrogênio no solo, por exemplo.

O CEO afirmou que a Solinftec já chegou ao breakeven. A empresa teve mais de US$ 60 milhões em receitas recorrentes no ano passado (o modelo de negócios inclui a venda dos robôs e o pagamento de assinaturas por serviços de software) e teve um Ebitda de US$ 15 milhões.

A Yvy montou um time estelar e se posiciona como uma casa de investimentos e soluções financeiras para a transição para economia verde, nos segmentos de segurança alimentar, transição energética e economia de baixo carbono no Brasil. Há dois meses, fez um acordo com a Rubicon Carbon, plataforma de negociação créditos de carbono criada pela gestora americana Texas Pacific Group (TPG), para replicar o modelo no país.

Além de Guedes e Montezano, a casa tem como sócios o diplomata e ex-diretor geral da Organização Mundial de Comércio (OMC) Roberto Azevêdo, o ex-CEO do UBS Pactual e do Bank of America no Brasil Rodrigo Xavier, o ex-ministro do Meio Ambiente Joaquim Leite, o ex-diretor de concessões e privatizações do BNDES Fábio Abrahão e o ex-tesoureiro do banco de estatal Lourenço Tigre.