Lufthansa aumenta passagens por causa do net zero

Empresa alemã anuncia adicional de até € 72 para cobrir custos mais altos dos combustíveis sustentáveis de aviação

Lufthansa aumenta passagens por causa do net zero
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A Lufthansa vai cobrar um adicional de até € 72 (R$ 418) por passagem em voos que saem da União Europeia e de três outros países, para fazer frente ao custo dos novos combustíveis sustentáveis de aviação.

O extra, que começa em € 1, será aplicado a partir de 1° de janeiro do ano que vem nos voos partindo dos 27 países do bloco e de Noruega, Suíça e Reino Unido. A quantia exata varia conforme a rota e a categoria do bilhete.

Na mesma data, entra em vigor a exigência regulatória europeia que obriga as companhias aéreas a usar pelo menos 2% dos chamados SAF, alternativas verdes ao querosene de origem fóssil.

A aviação é um dos setores de mais difícil descarbonização. O setor tem a meta de atingir a neutralidade de carbono em 2050. A maior parte virá na forma de corte de emissões com a troca do combustível, e o restante será feito via compensações com créditos de carbono.

Isso vai depender do desenvolvimento de uma nova indústria de combustíveis renováveis, pois o uso de baterias é viável somente para aeronaves de pequeno porte.

No ano passado, o volume global de SAF usado foi de 600 milhões de litros, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata). Este ano, a expectativa é que o número seja três vezes maior – ainda assim, o equivalente a 0,5% da demanda do setor.

Hoje, um litro de SAF custa pelo menos o dobro do querosene de aviação convencional. O custo e a disponibilidade têm variações significativas dependendo da região do mundo.

A expectativa é que mais empresas sigam o exemplo da aérea alemã, repassando pelo menos em parte o custo aos consumidores. A franco-holandesa Air France-KLM anunciou dois anos atrás um adicional de até € 12 e € 4 nas tarifas das classes business e econômica, respectivamente.

Existem várias rotas tecnológicas para obter o SAF, incluindo óleos vegetais e animais (inclusive usados), resíduos orgânicos e etanol. Mas a produção global ainda é ínfima diante do consumo potencial.

Com uma indústria estabelecida de biocombustíveis, o Brasil é apontado como um potencial líder nesse segmento nascente. A Raízen foi a primeira empresa do mundo a ter seu etanol certificado como matéria-prima para SAF.

O selo foi concedido ao etanol de segunda geração da companhia, feito com os resíduos da primeira extração da cana, o que significa uma pegada de carbono mais baixa.

Na semana passada, a britânica BP assumiu o controle de uma joint-venture que mantinha em sociedade com a trading Bunge. O plano da petroleira, uma das maiores do mundo, é concentrar no Brasil o desenvolvimento do querosene renovável.