Big techs se unem para comprar 20 milhões de créditos de carbono até 2030

Foco inicial estará em remoção de CO2 via reflorestamento; empresas estão de olho no impacto climático da inteligência artificial

Projeto de reflorestamento de Mata Atlântica da Biofílica Ambipar vai gerar créditos de carbono
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As big techs Google, Meta, Microsoft e Salesforce anunciaram nesta quarta-feira a criação da Symbiosis Coalition, uma iniciativa que visa a compra de até 20 milhões de toneladas de créditos de remoção de carbono até 2030.

Trata-se de um dos maiores compromissos coletivos já assumidos para a aquisição de ativos baseados na natureza.

O foco inicial estará em projetos de florestamento, reflorestamento e revegetação – incluindo agroflorestas. Estão previstos ainda projetos envolvendo a restauração de manguezais em um segundo momento.

A coalizão quer dar prioridades a projetos que combinem transparência financeira, benefícios para a biodiversidade e envolvimento e resultados equitativos para populações indígenas e comunidades locais.

Além de desenvolver o mercado em si, a ideia também é trazer parâmetros de qualidade para os projetos, buscando mais transparência e integridade.

A coalizão considera que o mercado de soluções de carbono baseada na natureza tem sido prejudicado por uma “aparente falta de projetos de restauração de alta qualidade” e pela “incerteza quanto à disposição de pagar, mantendo os investidores à margem e minando a confiança do público no potencial dos créditos de remoção baseados na natureza.”

“[A coalizão] envia um forte sinal aos desenvolvedores de projetos de que os compradores estão dispostos a pagar o que for preciso por projetos de alta qualidade que beneficiem o meio ambiente e as comunidades locais”, afirma a diretora executiva da iniciativa, Julia Strong, em comunicado à imprensa.

As empresas não informaram se os projetos vão ter foco em uma região específica do planeta nesta etapa inicial ou ainda se já existe, por exemplo, uma meta traçada de quantidade de área a ser reflorestada.

Nos últimos meses, uma das companhias que integram a iniciativa, a Microsoft, tem feito movimentações significativas envolvendo compra de créditos de carbono no Brasil.

Em dezembro do ano passado, a big tech fechou negócio com a startup Mombak, para a compra de até 1,5 milhão de créditos de carbono de reflorestamento da Amazônia até 2032.

Em março deste ano, nova aquisição: a Microsoft anunciou a compra de mais 3 milhões de toneladas de créditos de carbono da empresa de restauração florestal Re.green ao longo de 15 anos.

Outra gigante de tecnologia, a Apple, que não está na coalizão, anunciou em março que iria financiar três projetos de restauração florestal no Brasil e no Paraguai, com foco na Mata Atlântica, desenvolvidos pela brasileira Symbiosis.

A movimentação das gigantes de tecnologia representa também uma estratégia preventiva para o potencial aumento significativo do consumo de energia com o desenvolvimento de novas ferramentas de inteligência artificial, tecnologia abrigada em datas centers com alto consumo energético.

Os primeiros impactos da inteligência artificial nas estratégias de descarbonização das companhias do setor começam a aparecer.

No ano passado, por exemplo, a Microsoft reportou um aumento de cerca de 30% de suas emissões de gases do efeito estufa.

Numa outra frente, a Salesforce pleiteia uma regulação para emissões de carbono da inteligência artificial, com métricas padronizadas para quantificar o impacto ambiental da nova tecnologia. Em dezembro do ano passado, a companhia passou a divulgar indicadores de uso de energia e pegada de carbono vinda de modelos de inteligência artificial.