A conta da mineradora Vale para cobrir os custos do desastre de Mariana deve ficar alguns bilhões mais cara. A mineradora BHP anunciou na noite de ontem que vai elevar em US$ 3,2 bilhões sua provisão para lidar com os custos do rompimento da barragem da Samarco, ocorrido em 2015. Com isso, o valor total reservado chega a US$ 6,5 bilhões no ano fiscal de 2023.
A cifra, segundo a mineradora australiana, deve ser suficiente para lidar com as demandas do Ministério Público Federal e as obrigações previstas no termo de ajustamento de conduta (TAC).
Uma vez que a Samarco é uma joint-venture cujo controle é igualmente dividido entre BHP e Vale, agora, a expectativa do mercado é que a empresa brasileira também aumente a reserva para a barragem de Fundão no mesmo patamar.
A Vale deve precisar de algo entre US$ 3,5 bi e US$ 3,6 bi em provisões adicionais para alcançar os US$ 6,5 bi que a BHP vai reportar para o ano fiscal de 2023, segundo os cálculos de analistas do Itaú em relatório divulgado na manhã de hoje.
“Observamos que as potenciais provisões adicionais representam aproximadamente 6% do valor de mercado e, portanto, são significativas do ponto de vista de valuation”, dizem os analistas do banco.
Para eles, o valor não deve vir como surpresa, já que os investidores estão esperando que a Vale provisione entre US$ 3 bi e US$ 4 bi adicionais.
O Itaú nota que ainda há questões importantes sobre o valor final a ser desembolsado por cada empresa, como o escopo e custos dos programas, os resultados potenciais dos acordos e a capacidade da Samarco de cumprir diretamente com as suas obrigações financeiras.
Ainda assim, o banco acredita que “chegar a um acordo com o governo resolveria um overhang [pressão negativa] duradouro nas ações da empresa, o que poderia ser lido como positivo para o médio prazo.”
O Citi também prevê que a Vale siga com uma provisão na mesma faixa de valor da BHP, mas avalia que ela viria acima das expectativas dos investidores, que giravam entre US$ 2 bi e US$ 3 bi.
A publicação do balanço financeiro da Vale está prevista para a próxima quinta-feira, 22.
Em agosto passado, a mineradora brasileira passou a ser ré num processo que corre na corte de Londres e que, até então, apontava a BHP como única responsável.