Trump assina saída do Acordo de Paris

Estados Unidos mais uma vez abandonarão a cooperação climática global, como no primeiro mandato do republicano

Silhueta do presidente Donald Trump diante de bandeira dos Estados Unidos
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* Atualizada às 21h15, com a assinatura do decreto formalizando o abandono do tratado e reação da ministra Marina Silva

Donald Trump retirou novamente os Estados Unidos do Acordo de Paris, o principal esforço global para conter as piores consequências da mudança do clima.

O republicano havia feito o mesmo no início de seu primeiro mandato, em 2017. A saída, que era aguardada, foi assinada pelo novo presidente americano momentos depois de sua posse.

O Acordo de Paris completa dez anos este ano, e a COP30, em Belém, tem entre seus objetivos reafirmar um dos pontos centrais do tratado: os planos nacionais de descarbonização.

Conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas, ou NDCs, essas estratégias são um dos pilares da cooperação global. Os quase 200 signatários de Paris têm até fevereiro para atualizar seus planos, que contêm as metas de cortes de emissões até 2035.

Em Belém, espera-se uma análise do conjunto das NDCs. Como presidente da conferência, o Brasil assumiu a missão de estimular objetivos de redução audaciosos, que mantenham vivas as chances de limitar o aquecimento planetário a 1,5°C em comparação com a era pré-industrial.

A nova NDC brasileira foi anunciada durante a COP29, em novembro passado, no Azerbaijão. Biden anunciou a americana há um mês, mas Trump não vai fazer nada para cumpri-la. Em seu primeiro discurso, ele repetiu o slogan de campanha “drill, baby, drill”, em referência aos planos de expandir a produção de combustíveis fósseis, e disse que o petróleo é o “ouro líquido”.

‘Avesso da ciência’

Em nota à imprensa, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que a agenda de Trump representa “o avesso da política guiada pelas evidências trazidas pela ciência e do bom senso imposto pela realidade dos eventos climáticos extremos que ocorrem, inclusive, em seu próprio país”.

“Nem a própria população dos EUA aceitará qualquer omissão, pois enfrenta no cotidiano os efeitos da emergência climática”, disse Silva. “Serão tempos desafiadores para o mundo inteiro. Resta enfrentá-los com informação, compromisso com a vida e capacidade de negociação política.”

Esperam-se para as próximas horas uma série de decretos que terão como objetivo reverter as políticas climáticas de Joe Biden, incluindo incentivos para a adoção de carros elétricos.