Com entrada da Actis, ações da Omega Energia sobem quase 20% 

Empresa de energia renovável ganha fôlego para executar projetos, traz acionista de renome no setor e avança em entrada nos Estados Unidos

Turbina eólica da Omega Energia, que acaba de atrair o fundo Actis para sua base de acionistas
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A Omega, empresa de energia renovável da Tarpon, anunciou um acordo que trará o fundo de private equity Actis para o grupo de acionistas, com 10% de participação, mais uma injeção de capital de R$ 850 milhões. 

A transação dá fôlego para a companhia, que estava com um balanço apertado para fazer frente a um pipeline de cerca de 6 GW em projetos eólicos e solares em desenvolvimento, e traz um novo sócio com histórico comprovado do setor de energias renováveis. 

O Actis era controlador da Echoenergia, que foi vendida à Equatorial em março, por R$ 7 bilhões. 

Na manhã desta terça-feira, as ações da Omega Energia sobem 18%, devolvendo quase toda a queda acumulada no ano, de 20%. 

“A Omega já estava com o balanço apertado e foi pega no contrapé com essa mudança no cenário macro. O mercado estava questionando a capacidade de crescimento e colocando no preço um possível follow-on [oferta subsequente de ações] que traria muita diluição”, diz um gestor que acompanha a companhia. 

A forma como a operação foi amarrada aliviou em parte esses temores. 

A Actis tem uma opção de compra de até 10% do capital que está nas mãos da Tarpon, por um valor de R$ 13,50, bastante acima da cotação de fechamento de ontem, de R$ 10,18. 

Se preferir – o que parece provável dado o cenário de preço –, pode comprar essas ações diretamente em bolsa. 

Pelo compromisso, quando atingir a participação de 10%, o fundo irá injetar mais R$ 850 milhões na companhia. Isso poderá ser feito via uma oferta privada, ou uma oferta pública de ações, se assim for decidido, a ser realizada entre outubro e março. O preço máximo nessa transação foi fixado em R$ 16 por ação. 

Nas contas do Santander, a Actis pode atingir 17,7% de participação se essa injeção de capital for feita ao preço máximo estipulado e os atuais acionistas não acompanharem a transação. Hoje, a Tarpon e o CEO da Omega, Antonio Bastos Filho, têm juntos cerca de 49% da companhia. 

A Actis entrará para o bloco de controle por meio de um acordo de acionistas, que lhe dará direito a eleger até dois conselheiros de administração e exigirá consenso para a tomada de decisões relevantes. A transação, contudo, ainda não está dada: pelos termos acordados, a gestora terá até agosto para atingir a participação de 10%.

Entrada nos Estados Unidos 

No mesmo fato relevante em que anunciou a entrada do novo sócio, a Omega também deu informações sobre passos importantes da sua estratégia de chegar aos Estados Unidos, que já vinha sendo sinalizada ao mercado. 

Sem dar nomes, a companhia informou que está em negociações com “uma das principais gestoras norte-americanas de ativos de infraestrutura” que seria coinvestidora de até US$ 500 milhões em projetos de renováveis no território americano.

A Omega afirmou ainda que está negociando a aquisição de um projeto eólico de 531 MW no Texas – o que a colocaria no estado com a maior capacidade de geração eólica nos Estados Unidos. 

“Esse primeiro passo pode render uma ampla gama de opcionalidades para a companhia”, avaliou a equipe do Itaú BBA em relatório. 

Nova Omega 

As movimentações vêm num momento de forte escrutínio para as ações da Omega Energia, que vem sendo pressionada para entregar as sinergias de uma fusão de seus projetos de geração, já operacionais, e os em desenvolvimento, que ficavam dentro de uma estrutura de capital fechado. 

Concluída há pouco mais de seis meses, a operação enfrentou uma forte reação de minoritários, que travaram uma batalha para conseguir melhores condições de preço, e passou por um triz, com a benção de 50,5% dos acionistas que não faziam parte do bloco de controle.

A ‘nova Omega’ que é negociada na B3 tem ativos operacionais com capacidade para ultrapassar 4,5 GW em funcionamento até o fim de 2024 em projetos de energia solar e eólica.