Referência na agenda de sustentabilidade no Brasil, a Natura resolveu dar um passo além para colocar o ESG no centro da sua estratégia de negócios.
A empresa vai apresentar pela primeira vez, no próximo dia 31, o seu Integrated Profit and Loss. O IP&L é uma ferramenta relativamente nova usada por empresas para medir e reportar os impactos ambientais e sociais dos seus negócios.
O grande avanço trazido pelo IP&L é possibilitar que esses impactos sejam expressos em valores econômicos, permitindo uma comparação com os resultados financeiros.
No curso de sua atuação, todos os negócios geram impactos – as chamadas externalidades – sobre as pessoas e o planeta. E essas externalidades podem ser negativas ou positivas. No modelo contábil atual, tais externalidades não são levadas em conta.
Assim, por exemplo, se uma empresa exaure os recursos naturais de uma região, como a água, para conseguir fabricar seus produtos, ela pode registrar lucro na última linha do balanço enquanto o custo gerado por conta da externalidade ambiental negativa não chega nem a ser mensurado – além de ficar a cargo da sociedade.
Da mesma forma, impactos positivos decorrentes de boas práticas ESG também não são capturados pela contabilidade tradicional, voltada exclusivamente aos aspectos financeiros dos negócios.
“O desafio da construção de uma economia regenerativa nos impulsionou a desenvolver um modelo pioneiro, que permite uma nova leitura do significado de sucesso nos negócios, reconhecendo que só os padrões financeiros não são suficientes para demonstrar o valor gerado pela empresa para a sociedade”, diz João Paulo Ferreira, presidente da Natura e CEO do grupo Natura &Co para a América Latina.
“Além dos impactos econômicos, consideramos os efeitos mais amplos criados pelo negócio para os colaboradores, fornecedores, comunidades fornecedoras, consultoras e a sociedade como um todo a partir de nossos produtos, serviços e processos”.
Medida única de impacto
Geralmente, quando as empresas reportam seus impactos socioambientais, os dados apresentados são dos resultados diretos atingidos, os “outcomes”. Por exemplo: quantas toneladas de carbono foram compensadas ou quanta renda foi gerada para determinada comunidade com a compra de um insumo.
Embora ajudem a contar uma história, esses “outcomes” são expressos em unidades distintas, o que impede a comparação entre eles.
O pulo do gato do IP&L é conseguir ‘traduzir’ todos os “outcomes” para um indicador único e, ao fim do processo, permitir que um valor econômico seja atribuído a esses resultados.
Com isso, é possível compará-los aos resultados financeiros da empresa, tangibilizando o impacto socioambiental para investidores e outros stakeholders.
Ao refletir contribuições positivas e negativas, o IP&L consegue ser uma medida da verdadeira sustentabilidade de uma empresa, trazendo transparência a essa agenda e ajudando a impulsioná-la, em contraponto às práticas de greenwashing.
Além disso, internamente, é uma poderosa ferramenta de gestão estratégica, ao trazer dados para embasar a tomada de decisão.
A Natura resolveu fazer o IP&L pela primeira vez em 2020, quando a ferramenta ficou restrita ao público interno da empresa, para efeitos gerenciais. Por enquanto, esse primeiro relatório contempla as operações da marca Natura na América Latina. Para elaborar seu IP&L, a Natura mobilizou o time interno e também contou com apoio da consultoria suíça Valuing Impact na modelagem dos seus cálculos
No ano passado a empresa refinou o relato e agora decidiu torná-lo público.
“Queremos chamar a atenção de outras empresas e instituições, para que conheçam esse método e se apropriem dele, ajudando a aperfeiçoá-lo, gerando debate e fazendo o tema evoluir. Minha expectativa é que, em algum momento, um conjunto de normas internacionais de contabilidade, como o IFRS, possa incluir diretrizes para a monetização de externalidades”, diz Ferreira.
A divulgação do IP&L da Natura vai acontecer em webinar no próximo dia 31, às 11h. Para assistir, clique no convite abaixo.