UCB, das baterias de lítio, terá R$ 170 milhões do BID para expandir fábricas

Recursos fazem parte de plano de investimento de R$ 380 milhões; empresa aposta em grandes baterias usadas no sistema elétrico

A fábrica da UCB Power, antiga Unicoba, na Zona Franca de Manaus, produz baterias de lítio
A A
A A

Manaus (AM) – A fabricante de baterias de lítio brasileira UCB Power, antiga Unicoba, vai receber um empréstimo de R$ 170 milhões do BID Invest, o braço do setor privado do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Os recursos, em fase de aprovação, serão usados para financiar parte da ampliação de 50% da capacidade produtiva da empresa, somando as duas fábricas, uma na Zona Franca de Manaus e outra na cidade mineira de Extrema. Juntas, as plantas têm capacidade instalada para produzir o equivalente a 1,3 gigawatts de armazenamento por ano.

O empréstimo, com prazo de 10 anos e dois de carência, integra um plano de investimento de R$ 380 milhões anunciado recentemente pela UCB, que é controlada pelo fundo GEF Capital (56% das ações).

“A tecnologia eles já têm, mas nós queremos ajudá-los a escalar a solução para outros tipos de negócios. Esse deve ser o primeiro financiamento, mas queremos fazer outros”, diz Juan Parodi, diretor líder de investimentos do BID Invest. “Em mobilidade urbana, hoje estamos falando de motocicletas e bicicletas, mas no futuro podemos falar de baterias para carros. Brasil e Argentina têm lítio, mas não produzem baterias.”

A maior parte do faturamento da empresa, que está em torno de R$ 1 bilhão, vem da venda das chamadas baterias estacionárias, equipamentos vendidos para distribuidoras como Equatorial e Amazônia Energia e usados para armazenar energia solar em sistemas isolados, como na zona rural ou no meio da floresta amazônica. 

O equipamento também serve para sistemas de telefonia celular em áreas remotas ou como backup para garantir a estabilidade em caso de queda de energia para aqueles conectados à rede. Hoje, há cerca de 30 mil a 40 mil dessas baterias em uso no país, de acordo com a empresa.

“Temos 40% de market share de baterias estacionárias, 60% do mercado de baterias de lítio portáteis [celulares e notebooks] e 100% das baterias de motos elétricas”, diz o CEO da UCB, George Fernandes. 

Segundo ele, a companhia tem crescido cerca de 27% ao ano. “Cinco anos atrás tínhamos um Ebitda de R$ 30 milhões e em 2024 devemos chegar a R$ 170 milhões.”

O faturamento da empresa com as baterias estacionárias está em torno de R$ 500 milhões por ano. Fernandes diz que o potencial do segmento pode se multiplicar de forma exponencial. 

“Mapeamos que este pode ser um mercado de R$ 50 bilhões no acumulado dos próximos 10 anos.” Algo que pode mudar a escala são os leilões de armazenamento de energia que o governo federal prevê fazer a partir de agosto. 

Usinas eólicas e solares produzem de forma intermitente, e o armazenamento é considerado uma parte chave para garantir o fornecimento em sistemas com grande participação dessas fontes renováveis.

“Também achamos que, no futuro, vai crescer a venda de baterias para armazenar energia em casa”, diz o CEO.

Fernandes conta que há planos de construir uma fábrica em Marselha, na França. “Basicamente, para vender o mesmo tipo de soluções para europeus e africanos. Enquanto no Brasil há cerca de 1,2 milhão de pessoas sem acesso a energia, na África são 600 milhões de pessoas.”

Fábrica 4.0

A fábrica da UCB de Manaus, que fica dentro do Distrito Industrial, e foca em baterias portáteis (enquanto em Extrema são fabricados sistemas mais complexos), tem quase todas as linhas de produção automatizadas. Da montagem das placas de circuitos às baterias, tudo é executado por maquinários sofisticados importados da China. A exceção fica por conta da linha de baterias estacionárias, cuja automação aguarda a chegada de equipamentos já encomendados.

“Aqui a fábrica é 4.0. Apenas Brasil, China, Japão e Coreia têm fábricas assim”, diz Fernandes.

* A jornalista viajou a convite do BID Invest