UE vai investigar subsídios chineses a carros elétricos

Veículos têm preços artificialmente baixos e estão e estão distorcendo mercado europeu, acusam os europeus

Linha de montagem da fabricante chinesa de carros elétricos BYD
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A União Europeia vai abrir uma investigação sobre subsídios do governo chinês para a fabricação de carros elétricos, no que promete ser um dos maiores casos de disputa comercial do mundo.

Os veículos importados do país estariam mantendo preços abaixo dos concorrentes europeus de forma artificial graças a subsídios estatais “imensos”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A BYD, maior montadora de carros eletrificados do mundo, tem um plano agressivo de expansão no continente, sede de empresas como Mercedes-Benz, Volkswagen e Peugeot, companhias que ajudaram a criar o mercado global de mobilidade.

A transformação da indústria automotiva é parte central do plano de transição energética do bloco e tem peso importante em algumas economias da região. A França é apontada como o país que mais pressionou pela medida anunciada pela UE.

“Os mercados globais agora estão inundados de carros elétricos chineses mais baratos”, afirmou von der Leyden. “Isso está distorcendo nosso mercado. Assim como não aceitamos [subsídios] aqui dentro, não os aceitaremos vindo de fora.” 

A investigação está sendo planejada há meses, de acordo com o jornal britânico Financial Times. Von der Leyen também já teria comunicado suas preocupações ao premiê chinês, Li Qiang, em um encontro bilateral no último fim de semana, durante a cúpula do G20, em Nova Déli.

O movimento europeu é uma tentativa de evitar que se repita o ocorrido com a indústria de painéis fotovoltaicos na década passada, quando negócios europeus foram prejudicados pelos subsídios dados a competidores chineses – definidos como “práticas comerciais injustas” por von der Leyen. 

Uma das possíveis consequências da investigação é a imposição de sobretarifas sobre carros importados da China.

Não é segredo que as montadoras chinesas vêm trabalhando para se firmar como referência global em veículos elétricos, e elas vêm avançando também no Brasil

A BYD, que tem o americano Warren Buffett entre seus sócios, anunciou investimentos de R$ 3 bilhões no país, incluindo a primeira fábrica brasileira de veículos leves 100% elétricos, na Bahia.

A Great Wall Motors comprou uma fábrica da Mercedes no interior de São Paulo, onde pretende começar a fabricar híbridos no ano que vem.

No início deste mês, as empresas do país ocuparam dois terços da exposição do Salão de Automóveis de Munique, um dos maiores eventos automobilísticos da Europa. 

A Xpeng aproveitou o evento para anunciar que vai começar a vender seus carros na Alemanha, França e Reino Unido a partir do ano que vem. 

Em julho, a Volkswagen adquiriu 5% das ações da companhia, em um esforço para ganhar tração no mercado de veículos elétricos na China.