A Nissan está tentando correr atrás do atraso – e quer fazer isso a bordo de um carro elétrico.
A montadora japonesa apresentou nesta segunda-feira um plano de US$ 18 bilhões de dólares para lançar 15 modelos de carros elétricos até 2030. A montadora japonesa foi uma das pioneiras dos veículos a bateria com o modelo Leaf, lançado em 2010, mas perdeu o passo diante dos avanços de concorrentes tradicionais e novos, como a Tesla.
O investimento anunciado é o dobro do que foi destinado aos elétricos na década passada. Mas, apesar disso, a empresa ainda evita se comprometer com a aposentadoria do motor a combustão.
Ao todo, a companhia pretende lançar 23 novos modelos, dos quais 15 serão inteiramente elétricos. Os outros oito serão híbridos, ou seja, terão motor elétrico e também um pequeno motor a gasolina que funciona como um gerador para carregar a bateria.
A meta anunciada da Nissan é que 75% dos carros vendidos na Europa sejam elétricos até 2026. Vários países do continente já anunciaram prazos para o fim da venda de novos carros a gasolina ou diesel. O primeiro deles será a Noruega, em 2025.
Em outros mercados, o avanço dos elétricos será mais lento. A empresa estima que em 2030 eles representarão 55% das novas vendas no Japão e 40% nos Estados Unidos e na China.
Por enquanto, o mercado está sendo puxado por regras governamentais, afirmou Ashwani Gupta, COO da companhia. Segundo o executivo, a grande mudança virá com avanços no desenvolvimento das plataformas elétricas (os elementos comuns de um carro que permitem reduzir custos e aumentar a escala) e na tecnologia das baterias.
Novas baterias
Uma das apostas da Nissan é um novo tipo de bateria que elimina os componentes líquidos das baterias de íons de lítio utilizadas hoje.
Essas baterias de estado sólido são mais leves, mais seguras e têm maior densidade energética, ou seja, permitem que os carros cubram distâncias maiores sem necessidade de recarga.
Mas ainda não é possível produzi-las em grande escala porque a tecnologia está em desenvolvimento. A empresa pretende inaugurar uma planta piloto nos próximos três anos e incluí-la em seus carros a partir de 2029.
“Temos uma vantagem de dez anos em relação aos nossos competidores”, disse o CEO da companhia, Makoto Uchida, em referência ao Nissan Leaf.
O Leaf foi um dos primeiros carros inteiramente elétricos a chegar às ruas – mas elas ainda não estavam prontas para recebê-lo. A infraestrutura de estações de recarga era pequena, e a bateria só durava 130 quilômetros.
O elétrico pioneiro ainda tem boas vendas, mas foi ultrapassado por modelos da Tesla. Em setembro passado, o Model 3, da montadora americana, foi o carro mais vendido em toda a Europa.
O segundo modelo 100% elétrico da companhia, a SUV Ariya, deve ser lançado até o final do ano no Japão e no segundo semestre de 2022 nos Estados Unidos.
O plano de eletrificação, batizado de Ambition 2030, é parte da recuperação da Nissan depois do escândalo envolvendo o ex-CEO Carlos Ghosn.
No ano passado, a montadora anunciou o plano Nissan Next, que previa o corte de US$ 2,7 bilhões em custos fixos e uma redução de 20% na capacidade de produção.
Agora, a empresa tem um plano “sensato e com o pé no chão”, disse Gupta ao The Wall Street Journal. “A Nissan emergiu da crise e está pronta para um novo começo”, afirmou Uchida.
Apesar do foco no futuro elétrico, as ações da Nissan caíram 4,5% na bolsa japonesa, um movimento inesperado diante do entusiasmo dos investidores por tudo o que tem a ver com eletrificação. A incerteza com a nova variante ômicron é apontada como uma possível explicação para a reação morna.