A companhia chinesa BYD, que tem o americano Warren Buffett entre seus investidores, ultrapassou a Tesla, de Elon Musk, em vendas de automóveis elétricos nos últimos seis meses.
A BYD entregou 641 mil veículos entre janeiro e junho, ante 564 mil unidades da americana – que também mantém fábricas na China, mas na região de Xangai, que foi submetida a um rigoroso lockdown por causa da Covid-19.
A montadora chinesa, que produz em regiões que não foram afetadas pela pandemia, viu suas vendas crescerem 300% em relação ao mesmo período do ano passado. As ações da companhia também valorizaram 36% neste ano, alcançando um valor de mercado de aproximadamente US$ 149 bilhões. A empresa é listada na bolsa de Hong Kong.
A única fábrica da BYD que teve a produção reduzida foi a de Hunan, no centro da China, onde a população organizou protestos acusando a companhia de poluir o meio ambiente e causar sangramentos nasais em crianças.
A maioria dos modelos da BYD são híbridos plug-in, ou seja, suas baterias podem ser recarregadas na tomada ou pelo gerador que fica no próprio carro e é movido a gasolina. Os carros híbridos foram os primeiros a massificar a ideia de um veículo movido a bateria – o mais conhecido é o Prius, da Toyota. De acordo com a classificação chinesa, esse tipo de veículo é considerado “zero emissões”. Já os modelos da Tesla são 100% elétricos e só podem ser carregados na tomada.
A BYD mantém uma concessionária no Brasil, que fica em São Paulo. Outras 21 concessionárias serão abertas em breve. Segundo o site da montadora, a BYD já é a quinta maior vendedora de carros elétricos no país desde abril deste ano. Há dois modelos disponíveis para reserva no Brasil: o sedan Han EV e o utilitário Tan EV, cada um custa mais de R$ 500 mil e são 100% elétricos.
Elon Musk, “um bom amigo”
Recentemente, Elon Musk afirmou que a Tesla passava por dificuldades na sua cadeia de produção e teve de interromper a produção por causa da escassez de suprimentos que deveriam vir de regiões onde o governo chinês impôs severas restrições de circulação.
A paralisação da fábrica de Xangai afetou a produção em outras partes do mundo. “As fábricas de Berlim e Austin são gigantescas fornalhas de dinheiro”, disse Musk.
Além dos automóveis, a BYD também fornece baterias para outras montadoras e, neste ano, ultrapassou a sul-coreana LG, tornando-se a segunda maior produtora de baterias elétricas do mundo – a CATL (Contemporary Amperex Technology) segue na primeira posição neste segmento.
O último grande cliente que a BYD informou chegar ao seu portfólio foi a Tesla. O anúncio foi feito por Lian Yubo, vice-presidente executivo da marca chinesa em junho, na CGTN, emissora estatal chinesa. “Somos bons amigos de Elon Musk e já estamos prontos para lhe fornecer nossas baterias”, disse Yubo.