A Iberdrola anunciou hoje que escolheu o Brasil para instalar sua primeira usina solar flutuante, uma tecnologia relativamente nova que ainda responde por uma pequena porcentagem da eletricidade gerada por essa fonte renovável.
O projeto da companhia de energia espanhola será instalado no Açude Xaréu, em Fernando de Noronha, e contará com parceria da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), que opera a rede de distribuição de água e esgoto em toda a ilha.
Uma das vantagens dos painéis solares instalados na água é a disponibilidade de uso de terras para outros fins, pois as fazendas de painéis fotovoltaicos tendem a ocupar grandes áreas. O arquipélago tem apenas 26 quilômetros quadrados, e 70% dessa área corresponde a um parque nacional – portanto, protegida.
Também é possível que a produção de energia elétrica se dê mais próxima de onde será consumida – no caso do projeto em Fernando de Noronha, a cliente será a própria Compesa.
Usinas solares flutuantes podem ser instaladas em lagos e reservatórios ou em alto mar. A estimativa é que o custo seja quase 20% maior que o de uma planta em terra, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Mas a tecnologia pode oferecer uma compensação: como a água resfria naturalmente os painéis solares, minimiza-se o problema da perda de eficiência causado pelas altas temperaturas.
Pelo mundo, a produção dessa tecnologia saltou de 61 megawatts (MW) em 2015 para mais de 3.000 MW no ano passado, de acordo com a Iberdrola.
Com o investimento de 2 milhões de euros, a instalação terá uma potência de 0,63 MW e deve gerar cerca de 1.240 megawatts-hora (MWh) por ano. A quantia seria suficiente para cobrir mais de 50% da energia consumida pela Compesa na ilha.
A primeira plataforma solar flutuante do Brasil foi instalada na hidrelétrica de Sobradinho, no interior da Bahia, em 2019. A iniciativa integra um projeto de pesquisa e desenvolvimento da Companhia Hidrelétrica do Rio São Francisco (Chesf), da Eletrobrás. A mesma companhia também tem projetos em Boa Esperança (PI). Já na região metropolitana de São Paulo, a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE) trabalha em um projeto-piloto na represa Billings.
O Banco Mundial estima que há um potencial de 400 gigawatts para as usinas flutuantes de energia solar, o que permitiria dobrar as instalações de energia solar em comparação com o patamar 2018.
A tecnologia, porém, ainda não tem o histórico de sucesso das instalações em terra. Além do custo inicial mais alto, a manutenção dessas plantas também é mais complexa. E há possíveis impactos na qualidade e na biodiversidade da água.