Existe uma corrida no mundo pelos minerais estratégicos, assim chamados por serem essenciais para a transição energética e a descarbonização da economia – também por isso chamados de “minerais da transição”.
Com uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, o Brasil quer garantir participação em parte do crescimento dessa demanda mundial e escolheu o BNDES para liderar os investimentos.
O banco de desenvolvimento brasileiro lançou nesta terça-feira (7), junto com a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), um edital para selecionar negócios de minerais estratégicos que receberão apoio por meio de financiamento ou investimento.
Com orçamento de R$ 5 bilhões, o programa inclui linhas de crédito, participação acionária em empresas e recursos não-reembolsáveis.
O objetivo é investir em capacidade produtiva, pesquisa e desenvolvimento e inovação (PD&I) das cadeias de lítio, terras raras, níquel, grafite e silício, assim como a mobilização de investimentos para a fabricação de componentes da eletrificação, como baterias e células fotovoltaicas.
A abrangência do edital é grande: inclui apoio a plantas em escala industrial e também plantas-piloto ou de demonstração, pesquisas e estudos, a depender do estágio dos projetos e tecnologias envolvidas.
Com isso, o banco espera chamar mais capital e multiplicar seu esforço. “A presente chamada poderá alavancar nos próximos anos investimentos em um volume de cinco a dez vezes o orçamento disponibilizado”, diz o BNDES em nota.
E cita o potencial do país para se consolidar como fornecedor de minerais críticos: estão em território brasileiro a maior reserva (e produção mundial) de nióbio, a segunda maior reserva de grafite natural, terceira maior reserva de níquel e de terras raras, além da terceira maior produção de silício e a quinta de lítio.
A iniciativa se soma ao Fundo de Minerais Estratégicos, também gerido pelo BNDES em consórcio com as gestoras Ore Investments e Régia Capital (joint-venture entre JGP e BB Asset). O objetivo é captar ao menos R$ 1 bilhão para investimentos em minérios para eletrificação e agronegócio.
Vale e BNDES, que idealizaram o fundo em conjunto com o Ministério das Minas e Energia, colocarão até R$ 250 milhões cada um no veículo. Anunciado em outubro de 2024, trata-se do primeiro fundo do BNDES dedicado à mineração.