A 50 quilômetros de Fortaleza, o Porto de Pecém deu mais um passo para que seu potencial hub de hidrogênio se torne realidade.
A Fortescue, mineradora australiana que aposta de forma agressiva na tecnologia, acaba de anunciar que seu projeto de hidrogênio verde no Brasil recebeu a decisão antecipada de investimento de seu conselho. Na prática, isso significa que o plano está a um passo da decisão final de investimento – que deve ocorrer em 2025, segundo a companhia.
Se aprovado, o projeto deve movimentar 6 bilhões de dólares (cerca de R$ 30 bilhões) e resultar em uma planta com capacidade de 2 GW.
A empresa destacou que o Brasil é uma das prioridades em seu portfólio, por causa da disponibilidade de energia renovável, infraestrutura e capital humano.
O objetivo primordial da Fortescue é produzir no Ceará um hidrogênio com baixas emissões de carbono para o mercado internacional.
A aprovação do marco regulatório do hidrogênio, na semana passada, foi um ponto positivo para as pretensões do país de ser um dos grandes produtores mundiais do combustível, segundo a companhia.
“O Brasil fez um importante avanço na regulamentação de uma indústria que protagonizará a descarbonização e a transição energética nacionais, passos fundamentais para a neoindustrialização verde da economia brasileira”, disse o gerente regional de Relações Governamentais da Fortescue para a América Latina, Sebastián Delgui, em nota.
O projeto regulamenta a produção de hidrogênio no país e conta com incentivos tributários dependendo da intensidade de carbono do método produtivo.
A Fortescue e outros investidores estrangeiros têm planos de produzir o hidrogênio no Brasil via eletrólise da água: energia de fonte limpa quebra a molécula da água para a obtenção do H2. Esta tecnologia é considerada uma das mais limpas para a obtenção do combustível.
O país tem outras alternativas, como partir do etanol ou de gases recuperados da decomposição de matéria orgânica, mas globalmente a eletrólise é a rota que tem concentrado a imensa maioria dos investimentos.
Críticos destacaram a mudanças no texto do PL – como aumento do índice permitido de CO2 a cada quilo de hidrogênio produzido e a falta de obrigatoriedade de uma redução gradativa nas próximas décadas. Agora, elesegue para sanção presidencial e, depois, para regulamentação.
Para além da parceria com a Fortescue, o governo cearense tem uma série de memorandos de entendimento assinados com outras empresas. A ideia é que Pecém possa servir como plataforma para o hidrogênio de baixo carbono a ser produzido e exportado para a Europa, onde deve ser consumido.
A Fortescue também avalia projetos no Marrocos, Argentina, Nova Zelândia, Omã, Egito, Quênia, Noruega, Jordânia e Estados Unidos.