Sharm el-Sheikh — A Fortescue Future Industries, uma das empresas que investem com mais agressividade para viabilizar a produção comercial de hidrogênio verde, deu mais um passo em seu plano de construir uma planta no Porto do Pecém, no Ceará.
A FFI é um spin-off da mineradora australiana Fortescue Metals. Andrew Forrest, fundador e presidente do conselho da companhia, assinou uma ampliação do memorando de entendimento na manhã de hoje na COP27, com a governadora cearense, Izolda Cela, e o CEO do porto, Danilo Serpa.
Caso siga adiante, o projeto prevê investimentos de mais de US$ 6 bilhões de dólares. A planta deve ter capacidade de 2 GW.
“A gente gosta de dizer que o Ceará será a casa do hidrogênio verde”, disse Cela ao Reset. “Estamos engajados na transição energética e temos a natureza, a infraestrutura e a governança para transformá-la em realidade.”
“Desde o início das conversas, há mais de dois anos, a capacidade total prevista [para a planta de hidrogênio] aumentou duas vezes e meia”, diz Serpa. Ainda será necessário concluir estudos de viabilidade econômica e obter licenças ambientais.
No melhor cenário, estima Serpa, a produção das primeiras moléculas no porto começa em 2027. O plano é exportar o hidrogênio verde para a Europa, via Roterdã. O porto holandês detém 30% do capital da empresa cearense e também está se posicionando como um hub desse novo combustível.
H2V ao redor do globo
O aprendizado da FFI em suas outras iniciativas ao redor do mundo deve ajudar a acelerar o projeto. “Nossos estudos vão aproveitar o conhecimento que acumulamos ao redor do mundo no último ano e meio”, afirmou Forest em comunicado.
A companhia australiana estuda a produção de hidrogênio verde em diversas partes do mundo. No Egito, onde acontece a COP27, a FFI tem a intenção de erguer uma planta de até 9,2 GW, usando energias solar e eólica.
Fundada em 2020, a empresa tem a meta anunciada de produzir 15 milhões de toneladas de hidrogênio verde até 2030. O número é ambicioso, pois ainda não existem plantas de escala comercial em operação.
Para chegar a esse total, seriam necessários cerca de 200 GW de energias renováveis. Como termo de comparação, a capacidade de geração total do Brasil – incluindo todas as fontes de energia – é de cerca de 170 GW.
Eletricidade de fontes limpas é o insumo mais importante para a produção do hidrogênio verde. Equipamentos conhecidos como eletrolisadores aplicam corrente elétrica para separar as moléculas de oxigênio e hidrogênio presentes na água.
(O jornalista viajou a convite da International Chamber of Commerce)