Em aposta na 'década da infraestrutura', BlackRock compra GIP por US$ 12,5 bi

Gestora de Larry Fink enxerga oportunidade trilionária na transição do combustíveis fósseis para eletricidade; GIP tem ativos no Brasil

Em aposta na 'década da infraestrutura', BlackRock compra GIP por US$ 12,5 bi
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A BlackRock anunciou nesta sexta-feira a compra da Global Infrastructure Partners (GIP), uma das maiores gestoras de ativos em infraestrutura do mundo, por cerca de US$ 12,5 bilhões. Serão US$ 3 bilhões em dinheiro e o restante em ações. 

As demandas da transição energética, especialmente no setor elétrico, são um importante componente da decisão. O crescimento da geração por fontes renováveis vai exigir investimentos em novas redes e melhorias nas existentes. 

“Nós acreditamos que os próximos dez anos serão muito sobre infraestrutura”, disse Larry Fink, CEO da BlackRock, maior gestora do mundo, em teleconferência com investidores pela manhã. 

Essa é a maior aquisição da empresa desde 2009, quando adquiriu o Barclays Global Investors. A transação deve ser concluída no terceiro trimestre deste ano.

A transação resulta na criação de uma plataforma de investimentos em infraestrutura que, combinada, terá mais de US$ 150 bilhões de ativos sob gestão, com equity, dívida e oportunidades conjuntas de investimentos.

A GIP conta com mais de US$ 100 bilhões de ativos de infraestrutura. Seu portfólio é composto por mais de 40 empresas, que garantem receita anual acima de US$ 75 bilhões. Na América Latina, comprou a Atlas Renováveis em 2022 e, no ano passado, fechou a venda de seus parques solares no Brasil para a Engie.

As negociações para incorporar a GIP, consolidada entre os investimentos alternativos, começaram em setembro, segundo o Financial Times. As conversas caminharam à medida que a BlackRock decidiu que queria aumentar sua participação na descarbonização.

Os Estados Unidos têm lidado com um boom na demanda por eletricidade, depois de anos de estagnação. No ano passado, o país bateu recorde em capacidade instalada de renováveis, por exemplo, e deve dobrar esse número nos próximos anos, prevê a Agência Internacional de Energia (AIE).

A eletrificação dos veículos e a pulverização da geração de energia, como o uso de paineis solares domésticos, têm levado a questionamentos sobre a segurança da rede elétrica do país. 

À medida que cada vez mais países busquem independência energética, com parte deles focando na descarbonização, a melhoria de infraestrutura será necessária e abre portas para trilhões de dólares em negócios, disse Fink, em entrevista à CNBC.

Os ativos da GIP serão somados aos US$ 50 bilhões de equity em infraestrutura administrados pela BlackRock, deixando a companhia atrás apenas da Macquarie no setor e aumentando sua liderança em investimentos alternativos. 

A plataforma será gerida por Bayo Ogunlesi, sócio-fundador e CEO da GIP, e outros quatro sócios. O anúncio da aquisição veio junto à divulgação de balanço da maior gestora do mundo. A BlackRock ultrapassou US$ 10 trilhões de ativos sob gestão no quarto trimestre de 2023 e registrou lucro de US$ 1,375 bilhão, acima das estimativas.