O premiê de Portugal, António Costa, anunciou sua renúncia nesta terça-feira, no que deve ser o primeiro governo a cair por causa de um escândalo de corrupção envolvendo a transição energética.
Costa, do Partido Socialista, é investigado por envolvimento em irregularidades na concessão de direitos de exploração de lítio no norte do país e também em um projeto para a produção de hidrogênio verde em Sines.
Ele ocupava o cargo desde 2015.
Quase 150 policiais e integrantes do Ministério Público fizeram batidas na manhã de hoje, incluindo o Palácio São Bento, em Lisboa, a residência oficial do primeiro-ministro português.
Seu chefe de gabinete, Vítor Escária, e o consultor Diogo Lacerda, amigo do agora ex-premiê, foram presos. No pronunciamento em que anunciou a renúncia, Costa disse: “Não me pesa na consciência a prática de qualquer ato ilícito ou censurável”.
Os dois inquéritos que levaram à renúncia de Costa estão relacionados a projetos prioritários na agenda verde do governo.
Um deles envolve a construção de uma planta de hidrogênio verde numa antiga central termelétrica no porto de Sines, o maior do país. O MP suspeita de favorecimento oficial ao consórcio que desenvolve o projeto.
As mesmas acusações de tráfico de influência envolvem a concessão do direito de exploração de lítio em minas nas cidades de Montalegre e Boticas.
Estima-se que país tenha as maiores reservas do minério na Europa Ocidental, embora isso só possa ser confirmado quando começar a exploração.
O lítio é um dois mineiras críticos para a transição energética e insumo essencial para as baterias que equipam os carros elétricos.
O ministro da Infraestrutura, João Galamba, e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, também são investigados.