BlackRock: ignorar mineradoras na bolsa ameaça a transição energética

Visão dos investidores sobre o setor é antiquada, diz a maior gestora do mundo; tecnologias verdes vão precisar do capital

BlackRock: ignorar mineradoras na bolsa ameaça a transição energética
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Uma visão “antiquada” dos investidores a respeito das mineradoras está criando obstáculos para a transição energética, disse Evy Hambro, líder de investimentos temáticos e setoriais da BlackRock.

Sem um maior fluxo de capital para o setor, o mundo não terá metais em quantidade suficiente para produzir os painéis solares, baterias e turbinas eólicas necessários para deixar para trás os combustíveis fósseis, argumenta o executivo da maior gestora de recursos do mundo.

“Conversando com clientes e investidores, nossa visão é que a oportunidade nessa área tem sido enormemente menosprezada”, afirmou Hambro à Bloomberg.

“Se você estiver focado em sustentabilidade, na transição energética, não ignore o setor. Há uma imensa oportunidade.”

Com a aceleração das vendas de carros elétricos e o crescente uso de baterias em redes elétricas, espera-se um aumento expressivo na demanda pelos chamados metais da transição, incluindo níquel e cobre.

Companhias como BHP, Rio Tinto e Vale têm amplo potencial de valorização, segundo Hambro. Um levantamento do Financial Times indica que essas mineradoras têm múltiplos de 8,5 vezes em relação às projeções de faturamento, na média, contra 18,5 vezes para as integrantes do índice S&P 500.

As ações da Vale, que chegaram a ser negociadas a R$ 115,40 em maio de 2021, eram cotadas a cerca de R$ 69 no meio do pregão desta terça-feira.

Muitas mineradoras são excluídas de fundos que seguem critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) em seus investimentos, mas Hambro argumenta que são essas mesmas companhias que viabilizam a descarbonização da economia global.

Além disso, o próprio setor está avançando na redução de emissões de gases de efeito estufa em suas atividades.

Outra mudança, argumenta o executivo da BlackRock, é a disciplina no uso de capital. O boom do começo do século, puxado pelo crescimento da economia chinesa, levou a uma onda de consolidações e projetos grandiosos que não trouxeram retorno aos investidores.

Hambro afirma que o cenário mudou. “Não queremos que as empresas desviem dos modelos de alocação de capital que ajudaram a restabelecer a confiança do setor nos últimos oito ou nove anos.”