Suprema Corte restringe poder de Biden para combater mudança climática

Tribunal dominado por conservadores limitou ação da Agência de Proteção Ambiental (EPA), deixando democratas sem principal instrumento para cumprir meta de descarbonização

Suprema Corte restringe poder de Biden para combater mudança climática. Photo by Ian Hutchinson on Unsplash
Suprema Corte restringe poder de Biden para combater mudança climática. Photo by Ian Hutchinson on Unsplash
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A Suprema Corte americana emitiu nesta quinta-feira (30) uma decisão que limita o poder da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) de regular as emissões de carbono das usinas de energia do país.

Por seis votos a três, no caso Virgínia Ocidental contra EPA, a corte definiu que nenhuma agência federal americana deve ter escopo de ação que não seja o explicitamente concedido por lei aprovada no Congresso.

Segundo o ministro-chefe da Corte, John Roberts, “limitar as emissões de dióxido de carbono em um nível que forçará uma transição energética é uma solução sensata”, mas “uma decisão de tal magnitude cabe ao Congresso”, escreveu.

Trata-se de uma grande derrota para o presidente Joe Biden, que tentava retomar a agenda climática que havia sido completamente abandonada durante o governo de Donald Trump.

A perspectiva do democrata piora porque o Partido Republicano tem grandes chances de voltar a controlar o Congresso com as próximas eleições legislativas, no segundo semestre. Isto é, decisões técnicas podem ficar nas mãos de políticos que não acreditam no aquecimento global e são aliados da indústria dos combustíveis fósseis.

Esse cenário põe em xeque as metas de descarbonização que os Estados Unidos estabeleceu para si perante a comunidade internacional no âmbito do Acordo de Paris.

A ambição de Biden era que um dos países mais poluidores do mundo chegasse a 2035 com energia elétrica limpa. Atualmente, segundo a EPA, mais de 20% da matriz energética americana é abastecida por carvão e 40%, por gás natural.

Um plano que nunca saiu do papel

O caso chamou a atenção de ambientalistas e juristas porque se originou no questionamento de um projeto de transição energética que não existe mais: o Clean Power Plan, criado na gestão Obama, abandonado por Trump e que não foi retomado por Biden.

A proposta de Obama, de 2015, estabelecia limites de emissões de gases de efeito-estufa para cada Estado americano e dava autoridade à EPA para intervir em Estados que se recusassem a cumprir as metas.

Contrariados com o projeto, os secretários de justiça de Estados majoritariamente republicanos, ao lado de empresas de mineração e de carvão, criaram uma ofensiva jurídica contestando a estratégia dos democratas de governar e legislar via agências.

Photo by Ian Hutchinson on Unsplash.