Cerca de 50 policiais e promotores fizeram uma busca surpresa na sede do Deutsche Bank e de sua gestora de recursos DWS na manhã de hoje, em Frankfurt, como parte de uma investigação de suposto greenwashing.
O banco alemão e a gestora são investigados pela BaFin, o órgão que regula o mercado de capitais do país, na esteira de um inquérito semelhante ao conduzido pela Securities and Exchange Commission (SEC) nos Estados Unidos.
Desiree Fixler, uma ex-executiva da DWS, acusou seus ex-empregadores de mentir quando afirmaram que mais de metade dos US$ 900 bilhões sob gestão eram investidos de acordo com critérios ESG.
Segundo a promotoria alemã, “surgiram evidências suficientes” de que fatores ambientais, sociais e de governança tenham sido relevantes em pequena parte das alocações de capital, mas eles “não foram levados em conta de maneira alguma em um grande número de investimentos”.
A ação, uma das primeiras do gênero envolvendo fraudes ou afirmações exageradas sobre a importância do ESG nas estratégias dos fundos, é mais um sinal do endurecimento de reguladores mundo afora contra o greenwashing.
Na semana passada, a SEC anunciou um conjunto de regras para colocar ordem nos termos usados para batizar produtos financeiros – em especial aqueles relacionados ao universo ESG – e também para dar transparência aos reportes públicos.
A estimativa é que os investimentos que se descrevem como sustentáveis totalizem US$ 2,8 trilhões no mundo hoje, quase o triplo do montante de três anos atrás, segundo a empresa de informações de mercado Morningstar.
Esse crescimento só agora vem sendo acompanhado de um olhar mais atento por parte dos órgãos reguladores. No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinou a divulgação de certos tipos de informação ESG – mas sem obrigatoriedade. Na semana passada, divulgou um estudo mapeando o conhecimento dos investidores a respeito do tema.
Em nota divulgada para a imprensa alemã, a DWS afirmou estar cooperando com a investigação e negou as acusações