O Itaú BBA acaba de colocar na prateleira uma linha de crédito para financiar a construção de edifícios verdes — a princípio na região metropolitana de São Paulo, que concentra 40% do mercado, mas que no futuro estará disponível em todo o país.
Trata-se do primeiro produto do tipo no Brasil. A ideia é premiar com uma redução na taxa de juro as incorporadoras imobiliárias que adotarem tecnologias capazes de gerar uma economia de pelo menos 20% na energia embutida nos materiais usados e também de 20% no consumo de água e energia dos edifícios depois de prontos, tanto comerciais quanto residenciais.
A adoção das práticas e a economia decorrente serão verificadas e certificadas de acordo com o selo Edge de construção sustentável, criado pela International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial. O selo Edge concorre com outros na categoria, em que um dos mais conhecidos é o Leed, com a diferença de que é gratuito.
“Pouca gente se dá conta, mas as edificações são responsáveis por 39% das emissões de gases do efeito estufa no mundo, por 33% da energia consumida e 40% do uso de água. Portanto, os países com grande densidade urbana, para onde o Brasil caminha cada vez mais, têm um peso muito significativo na questão ambiental”, diz Carlos Leiria Pinto, gerente geral da IFC no país.
O Itaú não informa qual a redução de taxa que será aplicada. “Não tem um percentual definido e cada projeto é um caso, mas a economia para o cliente será significativa”, diz Miltom d’Avila, superintendente do segmento imobiliário no Itaú BBA. Além da economia na taxa, ele cita um interesse crescente de compradores por imóveis sustentáveis e a redução de custos com conta de energia e água para os usuários.
A linha verde vai usar recursos da caderneta de poupança (SBPE), assim como a linha convencional do banco, e não existe um teto para o volume a ser destinado. Ambas as linhas concorrem pelo mesmo bolso e a velocidade de cada uma vai depender do interesse dos clientes em aderir ao modelo de construção sustentável. No ano passado, o volume financiado pelo Itaú na linha convencional foi de R$ 3,3 bilhões.
A primeira operação do crédito imobiliário verde foi fechada com a MPD Engenharia para o projeto Verve Pinheiros (imagem), um edifício residencial de alto padrão em fase de lançamento, com unidades de 71 a 202 m2.
Segundo Milton Meyer, CEO da empresa, o projeto já havia sido concebido para ser sustentável — com sistema de reuso de águas pluviais para irrigação automatizado, áreas permeáveis no solo, sistema de coleta seletiva de lixo e iluminação de LED nas áreas comuns — e passou por poucas adaptações para obter o certificado.
“A nossa decisão empresarial é certificar todos os lançamentos residenciais em que atuarmos como incorporadora daqui para a frente”, diz ele. A empresa lança, em média, três a quatro empreendimentos por ano, com VGV (valor geral de venda) entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões.
Se falhar em cumprir as metas de economia, a empresa perde o desconto da taxa e paga uma penalidade de 1% do valor do empréstimo, além de perder o selo.
A certificação que vai balizar os empréstimos é a de nível 1, a mais básica. Na mais avançada, a de nível 3, os edifícios devem ser neutros em emissões de carbono, quer seja usando 100% de energias renováveis quer seja compensando as emissões.
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