“Censo do impacto” aponta que investimentos somam US$ 715 bilhões no mundo

“Censo do impacto” aponta que investimentos somam US$ 715 bilhões no mundo
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Os investimentos de impacto alcançaram US$ 715 bilhões ao final de 2019, com um crescimento de 42% em relação aos US$ 502 bilhões registrados um ano antes. É o que estima o Global Impact Investing Network (GIIN), organização sem fins lucrativos que se dedica a impulsionar o setor globalmente. O cálculo é feito a partir de uma base de dados que inclui 1700 investidores de impacto no mundo.

Além da estimativa do tamanho do mercado, o GIIN divulgou hoje os resultados da sua pesquisa anual que colhe dados de investidores de impacto no mundo todo para fazer um retrato do ecossistema.

“O mercado está crescendo em profundidade e sofisticação: quase sete em cada dez entrevistados acredita que o investimento de impacto está crescendo de forma constante”, afirmou o CEO do GIIN, Amit Bouri (foto), em comunicado.

Desta vez, responderam à pesquisa 294 investidores de 46 países, que juntos têm US$ 404 bilhões de ativos sob gestão. São gestoras de fundos, seguradoras, fundações, fundos de pensão, family offices, bancos e instituições de desenvolvimento.

Em sua décima edição, o estudo é tido como o grande censo do setor.

Mas nem por isso é imune a críticas. Há quem questione o perfil muito díspare dos participantes, que mistura agentes do mercado financeiro com entidades filantrópicas. E um dado em particular chamou a atenção neste ano: 99% dos pesquisados disseram ter atingido ou superado sua expectativa de impacto. Percentual tão elevado deixa no ar a dúvida sobre o rigor das metas.

O estudo não abre números por país, mas a região de América Latina e Caribe fica com uma fatia de US$ 26,5 bilhões dos recursos (ou 12% de um total de US$ 221 bilhões, dado que exclui investidores com volumes considerados fora da curva pelo GIIN, os outliers).

Entre os nomes brasileiros que participaram do levantamento estão as gestoras de venture capital de impacto Vox Capital, MOV Investimentos, Positive Ventures, X8, Rise Ventures, além de Sitawi, Fundo Vale e o family office Belgravia.

No conjunto, os investidores que responderam à pesquisa investiram US$ 47 bilhões em quase 10 mil negócios no ano passado. Quase um terço do capital (37%) foi investido em instrumentos de dívida vendidos de forma privada, enquanto papéis de dívida negociados em bolsa representaram quase 25% do volume e operações de private equity, 16%. A média dos investimentos feitos, considerando todas as classes de ativos, foi de US$ 5 milhões.

Para este ano, os investidores planejam alocar US$ 48 bilhões em 12,5 mil negócios, sendo que aqueles focados em mercado emergentes estimam crescer. E, mesmo com a pandemia, o clima é de certo otimismo: a maioria dos participantes (57%) disse que não deve alterar o volume dos investimentos planejados para 2020 por causa da covid-19, enquanto 20% disseram ser possível reduzir e 15% disseram que devem comprometer mais capital.

Os setores que mais recebem recursos são o de energia (16%), serviços financeiros (12%), florestas (10%), alimentos e agricultura (9%) e microfinanças (8%).

A pesquisa coloca em xeque o conceito de que precisa haver um trade-off entre impacto e retorno: 88% dos entrevistados disseram ter alcançado ou ultrapassado suas expectativas de retorno e 67% deles afirmam perseguir retornos ajustados ao risco compatíveis com os de mercado.

Veja a íntegra do estudo aqui.