Mineradora Nexa contrata R$ 1,6 bi em dívida ESG

Empresa controlada pelo grupo Votorantim fechou linha rotativa com taxa de juro atrelada à meta de descarbonização

A Nexa Resources, do grupo Votorantim, estreou no mercado de dívida ESG com metas atreladas à descarbonização
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A Nexa Resources, antiga Votorantim Metais, uma das maiores produtoras de zinco do mundo, fez sua estreia no mundo das dívidas com características ESG.

A empresa, que é listada na Bolsa de Nova York, acaba de fechar uma linha de crédito do tipo revolving, que funciona como se fosse um limite de cheque especial, atrelada a uma meta de descarbonização da sua operação.

A linha é de US$ 320 milhões (R$ 1,6 bi) – substitui outra de US$ 300 milhões que venceria dentro de um ano –, tem prazo de cinco anos renováveis por mais dois, e juro de 1,6% sobre a taxa referencial Secured Overnight Financing Rate (SOFR). 

“Optamos por uma dívida ESG por uma questão reputacional, uma vez que a empresa estava madura em sua estratégia de descarbonização, mas também pelo benefício financeiro”, diz Rodrigo Cammarosano, executivo que lidera a área de relações com investidores e a tesouraria global da Nexa.

“Percebemos que, por ser um sustainability-linked loan, a discussão dos spreads sobre a taxa de referência começam em outro patamar, mais baixo.”

No caso da Nexa, Cammarosano acredita que o spread poderia ter ficado em torno de 1,7% a 1,8% – em vez de 1,6%.

A meta atrelada à linha é de redução das emissões diretas da sua operação, o chamado escopo 1, que respondem por 76,5% das emissões totais da empresa (o escopo 2, de consumo de energia elétrica, responde por 4,8%, enquanto as emissões na cadeia de valor, ou escopo 3, são 18,7%).

A companhia se comprometeu a cortar em 20% seu escopo 1 em relação ao ano-base de 2020, o que significa uma redução total de 52 mil toneladas de carbono equivalente. 

Para a linha de crédito, a meta para 2030 foi desdobrada em metas anuais, que serão verificadas também anualmente. Caso falhe em cumprir as metas intermediárias, a empresa será punida em 10 pontos-base, ou seja, a taxa sobre para 1,7% sobre a SOFR. Se, por acaso, numa medição seguinte, a companhia voltar a se enquadrar nas metas, a taxa volta para 1,6% 

A operação contou com um parecer de segunda opinião para validar os atributos ESG da dívida da Sustainalytics. E os credores são um pool de bancos: BBVA Securities, Citibank, HSBC, J.P. Morgan Chase, Mizuho, MUFG Bank, Santander Brasil e Nova Scotia.

Segundo Cammarosano, as dívidas com atributos ESG vieram pra ficar na estratégia financeira da empresa e devem ser acessadas sempre que o custo se mostrar atrativo.