Banco Master compra o Will Bank, focado em baixa renda

Instituição vai absorver carteira de 6 milhões de clientes de fintech; permanência do CEO em nova estrutura é incerta

A mão de uma pessoa negra segura um cartão amarelo do Will Bank
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O Banco Master fechou a compra da participação majoritária do Will Bank, fintech voltada para o público de baixa renda.

O valor da operação não foi anunciado. O Master terá como sócio minoritário o fundo de private equity da XP, que entrou na estrutura do Will em 2021 e seguirá no negócio. Chu Kong, um dos idealizadores da fintech e sócio da XP, também vai continuar no conselho do banco.

Ainda não está claro, porém, se seguem no negócio a gestora Atmos Capital, que entrou na fintech junto com o fundo da XP, e o CEO cofundador Felipe Felix.

Uma fonte informou ao Reset que o desenho final da estrutura ainda não foi fechado.

A aquisição representa um salto para a área de varejo do Master, que vai absorver uma carteira de 6 milhões de clientes vindos do Will Bank, passando a atender agora mais de 10,5 milhões de clientes no varejo.

“Com a aquisição do Will Bank, passamos a ter um ecossistema digital completo, com tecnologia robusta e capilaridade na distribuição de produtos financeiros”, afirmou o presidente do Master, Daniel Vorcaro, em nota.

Vorcaro afirmou que o Master quer oferecer produtos de seguro para os atuais clientes do Will Bank, e ofertar produtos de crédito aos clientes do cartão de crédito consignado do Master, o CredCesta.

“A tecnologia vai nos permitir acelerar o desenvolvimento de novos produtos baseados em cartão de crédito, débito, empréstimo, captação, consignado e outros serviços financeiros”, disse na nota o CEO do Master, Augusto Lima, também responsável pela área de varejo.

Essa é a segunda aquisição do Master em menos de um mês. No dia 6 de fevereiro, o banco digital anunciou a compra do Banco Voiter, o antigo Indusval, uma instituição pequena voltada ao atacado, com força no agronegócio.

Já o Will Bank tem um outro tipo de perfil. Criada em 2017, a fintech focava em pessoas desbancarizadas das classes C e D, com renda de até três salários mínimos.

Com presença forte na região Nordeste, a fintech ficou conhecida pela operação de cartões, oferecendo crédito a clientes que nunca tinham tido acesso a esse meio de pagamento. Na cesta de produtos, também constam outros serviços financeiros como conta digital, empréstimos e seguros.

No fim de 2021, a fintech recebeu um investimento de R$ 250 milhões do fundo de private equity da XP e da Atmos, mas vinha acumulando resultados negativos nos últimos anos.

Em 2021, o prejuízo líquido foi de R$ 13,2 milhões, quantia que saltou para R$ 164,9 milhões em 2022, e que havia escalado para R$ 268,8 milhões no começo do segundo semestre do ano passado, segundo dados de demonstrações financeiras e do sistema IFData, do Banco Central.

Já a receita de 2023 foi de R$ 2,8 bilhões. Segundo uma fonte, o Will Bank precisava de capital para continuar crescendo.

A aquisição pelo Master ainda precisa ser aprovada pelo Cade e pelo Banco Central.