A Eve, empresa de ‘carros voadores’ da Embraer, projeta faturar US$ 4,5 bilhões em 2030, apenas quatro anos depois da primeira decolagem comercial de seu eVTOL.
A experiência na fabricação de aviões será uma vantagem crucial para a Eve no nascente mercado de mobilidade aérea urbana com aeronaves elétricas, disse o co-CEO da Eve, André Stein, em um evento digital do Credit Suisse.
“Nos últimos 25 anos, a Embraer desenvolveu mais de 30 modelos diferentes”, afirmou Stein. “Vamos aproveitar esses processos [já existentes] para conseguir a certificação e, acima de tudo, no prazo previsto, o que é raro na indústria.”
Várias startups estão desenvolvendo eVTOLS (sigla em inglês para aeronaves de decolagem e pouso vertical), mas nenhuma delas deve começar a operar comercialmente antes da metade da década.
A Eve – que anunciou a fusão com a companhia cheque em branco Zanite e deve estrear na bolsa de Nova York no segundo trimestre – é considerada uma das mais bem posicionadas nessa corrida. A Embraer mantém o controle da companhia, com cerca de 80% das ações.
A empresa é avaliada em US$ 2,4 bilhões, tem cerca de US$ 550 milhões em caixa e 1.735 pedidos de aeronaves, de 17 clientes. Não são encomendas vinculantes, mas é um número superior ao da maioria das concorrentes.
A expectativa é que, uma vez obtida a certificação das autoridades reguladoras, a produção comece com o pé no acelerador: de 75 unidades em 2026 para 1.117 em 2030, de acordo com a previsão divulgada pela companhia.
Quatro negócios em um
A Eve deve ter quatro linhas de receita. A maior delas será a venda dos eVTOLs, que deve responder por cerca de 55% do faturamento em 2030.
Depois, vêm serviços e manutenção (26%) e também a operação das aeronaves (18%) – um novo negócio para a companhia que nasceu dentro da Embraer.
Startups como a americana Archer Aviation apostam em um modelo vertical: além de projetar e fabricar as aeronaves, a companhia também vai operar vertiportos e oferecer o serviço de transporte.
Já a Eve se posiciona principalmente como fabricante tradicional. Segundo Stein, os serviços de manutenção poderão ser oferecidos até mesmo para aeronaves de outras companhias.
A quarta e menor parte do faturamento – apenas cerca de 1% – deve vir da venda dos sistemas de controle de tráfego aéreo para os eVTOLs.
Ele também afirmou que, se as projeções atuais se confirmarem, a companhia terá 15% de um mercado que pode chegar a US$ 31 bilhões no final da década.
A estimativa é conservadora quando comparada à liderança da Embraer no mercado de jatos regionais (29%) e jatos leves (28%), afirmou Couto.
Um enxame de eVTOLs
A promessa é que esse novo tipo de aeronave terá custos muito mais baixos de operação, o que significa preços mais baixos para o consumidor e potencialmente um enxame de ‘carros voadores’ nas grandes cidades.
Outra diferença fundamental é o nível de ruído. A americana Archer afirma que, em altura de cruzeiro, o barulho de suas aeronaves é um milésimo de um helicóptero voando na mesma altitude.
Os primeiros serviços oferecidos devem ser de transporte de e para aeroportos. A Embraer já fez simulações (usando helicópteros) no Galeão, no Rio, e também participa de estudos com dois aeroportos londrinos.