A empolgação com a demanda por baterias é tão grande que até a Suzano quer entrar no negócio. Bem, é quase isso. A unidade de corporate venture capital da fabricante de papel de celulose anunciou esta semana seu primeiro investimento, justamente numa startup de baterias.
A britânica Allotrope Energy vai receber até US$ 6,7 milhões para desenvolver um novo tipo de bateria chamado de carbono-lítio, cuja principal característica é o carregamento ultrarrápido, medido em minutos, não em horas.
As baterias de carbono-lítio têm duas vantagens importantes. A primeira é que não requerem níquel ou cobalto, dois metais em alta demanda na transição energética.
A segunda, que interessa particularmente à Suzano, é a utilização de um subproduto da fabricação da celulose — e portanto orgânico — no componente de carbono da bateria. (A Suzano não revela qual é essa matéria-prima usada pela Allotrope.)
A startup ainda está na fase de laboratório. O plano é ter os primeiros produtos prontos para teste em até dois anos. O foco inicial é equipar a chamada micromobilidade elétrica, como scooters e triciclos.
“O mercado potencial é enorme, principalmente na Ásia, onde esses veículos são muito comuns”, diz Julio Ramundo, diretor de negócios de carbono e corporate venture da Suzano.
Criar novos usos e mercados para a biomassa do eucalipto é um dos objetivos do fundo corporativo, que foi estabelecido em meados do ano passado e tem US$ 70 milhões para investir.
Outras áreas de interesse são novos materiais para embalagens e também tecnologias para a floresta. “Como aumentar a captura de carbono, como fazer análises [do carbono estocado] de forma digital e rápida”, afirma Ramundo.