Boston Metal fecha série C de US$ 262 mi para aço verde

Presidida pelo brasileiro Tadeu Carneiro, startup deve estrear sua tecnologia ainda este ano em planta do Brasil

Produção de aço verde no laboratório de testes da Boston Metal
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A startup americana Boston Metal, que desenvolve uma tecnologia para produção de aço com zero emissões de CO2 e pretende estreá-la no Brasil ainda este ano, concluiu sua captação de série C, que atingiu US$ 262 milhões.

A rodada trouxe novos investidores, entre eles o braço de capital de risco da Aramco, a estatal do petróleo da Arábia Saudita. No início do ano havia sido anunciada a entrada da gigante do aço ArcelorMittal.

A Vale e o fundo Breakthrough Energy Ventures, criado por Bill Gates, já eram acionistas e também acompanharam o aporte da rodada atual.

O processo criado pela empresa envolve a passagem de uma forte corrente elétrica por uma espécie de sopa química para purificar o minério de ferro, que depois será transformado em aço.

Na maioria dos casos, isso é feito hoje nos altos-fornos das siderúrgicas, o que exige a queima de carvão e emite enormes quantidades de CO2. Estima-se que o setor seja responsável por 7% a 9% do total de gases de efeito estufa despejados na atmosfera. Com o método da startup, as emissões são desprezíveis se a energia vier fontes renováveis.

A Boston Metal, presidida pelo brasileiro Tadeu Carneiro (ex-CBMM), está escalonando o tamanho dos caldeirões em que acontece esse processo, chamado eletrólise de óxido fundido.

O mesmo sistema pode ser usado para a recuperação de metais valiosos que sobram nos rejeitos da mineração. A empresa fundou uma subsidiária brasileira para isso em São João Del Rey (MG).

Será a primeira aplicação comercial da tecnologia. A planta mineira deve começar a operar nos próximos meses e será tanto a primeira fonte de receita da startup como mais um segundo laboratório de desenvolvimento.

A abordagem da companhia, cuja sede fica na cidade de Woburn, perto de Boston, é radicalmente diferente de outras soluções para descarbonizar a siderurgia. A maior parte dos investimentos anunciados globalmente envolve o uso de hidrogênio verde.

A expectativa da empresa é começar a produzir aço verde em 2026.