Aliança net zero de seguradoras muda de nome (e de rumo)

Pressão política anti-ESG e êxodo dos líderes globais do setor leva coalizão se relançar com novo nome

Placa com net zero na frente de edifício
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Sob intensa pressão política da extrema direita americana, a Net Zero Insurance Alliance (NZIA), maior aliança climática de seguradoras, foi dissolvida oficialmente nesta quinta-feira.

A coalizão foi substituída por outro agrupamento, batizado de Forum for Insurance Transition to Net Zero (FIT) e liderado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. A nova entidade já foi criada.

Várias das maiores seguradoras e resseguradoras do mundo haviam abandonado a NZIA nos últimos meses, incluindo Munich Re, Lloyd’s, Allianz e Axa.

Elas temiam processos movidos por Estados americanos controlados pela ala mais radical e anti-ESG do Partido Republicano por supostas violações de leis antitruste.

Segundo essa interpretação, esforços setoriais coordenados para calcular e eliminar progressivamente as emissões de gases de efeito estufa das carteiras dessas instituições constituiria crime econômico e contribuiria com a inflação.

A nova entidade vai “levar em conta a experiência acumulada” e terá um fórum de discussão com reguladores, além de uma equipe legal especializada em leis econômicas.

A NZIA fazia parte da Glasgow Financial Alliance for Net Zero (Gfanz), organização guarda-chuva que inclui mais coalizões específicas para bancos, gestores de recursos, asset owners e outros.

A nova FIT não é parte do Gfanz e não vai exigir, pelo menos a princípio, o estabelecimento de metas de descarbonização para seus clientes.

De acordo com comunicado, a entidade vai desenvolve “frameworks e novos conceitos de net zero” para o setor, além de modelos de plano de transição.

Metas net zero

Um dos requisitos para os integrantes das alianças setoriais sob o Gfanz é a aderência a metas baseadas na ciência e alinhadas com o Acordo de Paris.

Há pouco mais de um ano, a campanha Race to Zero, iniciativa da ONU que estabelece as diretrizes de descarbonização usadas pelo Gfanz, teve de mudar uma exigência a respeito do abandono do carvão.

Mesmo com a volta atrás, algumas instituições saíram do Gfanz, afirmando preferir ter a liberdade de seguir seus próprios caminhos. Ao anunciar seu desligamento, a Vanguard, uma das maiores gestoras de recursos do mundo, afirmou que tais iniciativas poderia “causar confusão sobre as visões individuais das empresas de investimento”.

A FIT nasce com 46 integrantes, dos quais 19 são seguradoras e resseguradoras de 14 países. Os restantes integram um grupo consultivo composto por reguladores e advogados. Os grandes nomes globais que haviam abandonado a versão anterior da entidade não fazem parte do grupo inaugural de membros da FIT.