NET ZERO

Aliança net zero de gestoras suspende atividades após saída da BlackRock

Com Trump prestes a retornar à presidência e o esvaziamento de outras coalizões pelo clima, entidade diz que vai rever sua estrutura

Aliança net zero de gestoras suspende atividades após saída da BlackRock

Maior aliança de gestores do mundo pela descarbonização de portfólios, a Net Zero Asset Managers (NZAM) decidiu suspender suas atividades e revisar sua estrutura, como comunicado nesta segunda-feira (13). A deliberação vem dias após a BlackRock deixar o grupo. 

A gigante americana, que tem US$ 11,5 trilhões em ativos e é a maior gestora do mundo, alegou que sua participação na NZAM “causou confusão sobre as práticas da BlackRock e a submeteu a inquéritos legais de diferentes autoridades públicas”. A saída da companhia foi anunciada na esteira de uma debandada massiva de bancos americanos da Net-Zero Banking Alliance (NZBA), coalizão semelhante voltada para instituições bancárias. 

Em nota, a NZAM comunicou que irá rever a iniciativa “para garantir que permaneça adequada a seu propósito no novo contexto global”, diante dos acontecimentos recentes nos Estados Unidos e diferentes expectativas regulatórias e de clientes nas respectivas jurisdições dos investidores.

Enquanto a revisão ocorre, o grupo suspenderá suas atividades de rastreamento de reportes e implementação dos signatários. A lista das instituições aderentes e suas metas já não estão mais disponíveis no site, mas, até semana passada, somava 325 signatários com mais de US$ 57,5 trilhões sob gestão. 

A aliança está sob o guarda-chuva da Glasgow Financial Alliance for Net Zero (Gfanz), lançada na COP26 em Glasgow, que também está revendo sua relação com diferentes agentes do mercado financeiro, segundo a Bloomberg.

As instituições lidam com forte pressão política de um movimento anti-ESG nos EUA. A BlackRock esteve recentemente entre as gestoras que foram questionadas legalmente sobre suas ações com viés climático, por exemplo.

A volta de Donald Trump à presidência, daqui a exata uma semana, e sua aversão às políticas climáticas reforçam as preocupações daqueles que se denominam “verdes”. 

Contenção de danos

Revisitar políticas e promover mudanças poderia prevenir que a NZAM lide com um enfraquecimento semelhante ao que ocorreu com a Climate Action 100+, outro grupo de investidores pelo clima, observa a Reuters.
Em fevereiro de 2024, JP Morgan e State Street, com US$ 14 trilhões sob gestão, deixaram a Climate Action 100+, o que impactou a influência do grupo. A BlackRock, por sua vez, manteve sua posição por meio de uma subsidiária, não mais da sede.