(Des)governança na classe turística
Investigação interna da CVC concluiu haver indícios de fraude e manipulação de resultados nos últimos cinco anos fiscais, o que ajudou a inflar os resultados em mais de R$ 300 milhões, turbinar ações a pacote de remuneração da alta gestão, incluindo o ex-CEO Luiz Falco e o ex-CFO e depois CEO Luiz Fernando Fogaça. Agora, relata o Brazil Journal, o conselho terá que decidir se recomenda a abertura de processos cíveis e criminais contra os administradores ou não faz nada.
‘S’ de desigualdade
A emergência climática torna o ‘E’ do ESG quase óbvio. Mas entender os aspectos materiais do ‘S’ se mostra bem mais complexo. Um levantamento publicado nesta semana pelo Valor desenhou um aspecto social fundamental para as análises. Os principais executivos das companhias abertas brasileiras chegam a ganhar 600 vezes a mais do que a remuneração média paga aos funcionários das próprias companhias em que trabalham. O salário médio anual de um CEO no Brasil em 2019 foi de R$ 11,1 milhões, mostra o ex-diretor da Previ e especialista em governança corporativa, Renato Chaves.
Cada gás no seu quadrado
Tanto a Califórnia quanto a China se comprometeram a atingir a “neutralidade em carbono” até 2045 e 2060, respectivamente. Mas só a Califórnia confirmou que vai parar de contribuir para o aquecimento global. Confuso? Akshat Rathi explica na sua newsletter Bloomberg Green. A meta da Califórnia inclui as emissões de todos os gases de efeito-estufa, incluindo também metano e óxido nitroso. Parece um detalhe, mas não é. Apesar de o CO2 responder por três quartos do aquecimento global gerado pela atividade humana, os demais gases são bem mais difíceis de cortar.
CO2 no crédito… e nos investimentos
Bancos e seguradoras quase não emitem CO2 no curso de suas operações e, por essa razão, compromissos assumidos pelo setor financeiro no sentido de zerar suas próprias emissões têm pouco efeito sobre o clima. Mas o mesmo não se pode dizer de seus portfólios de crédito e investimentos. Nesta semana, 55 firmas, incluindo HSBC, BNP Paribas e Societe Generale, se comprometeram com metas concretas relacionadas a ativos de seus portfólios, como crédito imobiliário, títulos de dívida e outros, numa iniciativa da Science Based Targets.
Stakeholder o quê?
O CEO do JP Morgan, Jamie Dimon, foi um dos líderes por trás do manifesto do Business Roundtable no ano passado, que procurou redefinir o propósito das companhias em favor de um capitalismo de stakeholders. Mas uma multa recorde aplicada ao banco nesta semana é reveladora de como é difícil mudar uma cultura que preza o lucro acima de tudo: o JP Morgan foi acusado de colocar milhares de ordens nos mercados de treasuries, prata, ouro e outros metais que foram depois canceladas. Conhecida por ‘spoofing’, a prática infla artificialmente os preços para gerar lucro para o banco em detrimento de outros participantes do mercado. A Bloomberg conta os detalhes da trama.
Outras leituras
- Na era do ESG, boom da carne não consegue salvar JBS do pior ano em uma década (Bloomberg)
- Brasil começa discussão sobre precificação de carbono no setor elétrico (Reuters)
- Precisamos falar menos sobre ESG (Folha)
- Quantos negros são o bastante? (Valor)
- Itaú Asset quer mais ajuste em oferta da Stone (Valor)
- Alimentos são de difícil digestão para investidores ESG (FT)
- Amazon e GM entre 34 empresas que vão compartilhar dados privados sobre diversidade (Bloomberg)
- Impacto é o nosso ativo e ESG é o passivo (Folha)
- Petrobras assumirá fatia da Total em blocos na Foz do Amazonas (Reuters)