B3 exclui Braskem do ISE por desastre em Maceió

Companhia também desistiu de participar da COP28 com agravamento da crise

Fábrica de biopolímeros da Braskem
A A
A A

A Braskem será retirada do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3, a partir da próxima sexta-feira. A decisão foi comunicada hoje pela bolsa e é resultado do agravamento da crise em Maceió, onde bairros sofrem com abalos sísmicos e estão em estado de alerta sobre possível colapso da mina de sal-gema da petroquímica. 

Por conta do estado de emergência decretado pela Prefeitura de Maceió, envolvendo uma mina da Braskem, a bolsa iniciou na última sexta-feira seu ‘Plano de Resposta e Eventos ESG’. O documento determina o fluxo que a B3 segue quando acontecem eventos e crises ESG ligados a empresas que integram o ISE. 

Em comunicado, a bolsa informa que “a decisão não deve ser tomada como pré-julgamento das responsabilidades da companhia, mas decorre da aplicação do disposto na metodologia do ISE B3”. O texto explica que um novo dispositivo prevê exclusão de ativos que “durante a vigência da carteira se envolvam em incidentes que as tornem incompatíveis com os objetivos do ISE B3, conforme critérios estabelecidos na política de gestão de riscos do índice”.

A Braskem integrava o ISE desde o lançamento do índice, em 2005, mas nos últimos anos passou a ter sua manutenção questionada quando começou a ficar clara a gravidade do desastre socioambiental na capital alagoana. Até aqui a B3 vinha afirmando que estava acompanhando o processo.

O ISE teve sua metodologia alterada em 2021 e, entre as mudanças, foi introduzido o dispositivo para exclusão de empresas diante de crises – até então, a morosidade para reagir a esses eventos era criticada por investidores. Neste ano o ISE já havia passado pela exclusão da varejista Americanas, que foi retirada de todos os índices da bolsa ao entrar em recuperação judicial.

Paralelamente, a petroquímica tomou a decisão de cancelar sua participação em eventos na COP28, que ocorre em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. 

“Nos últimos dias, diante do agravamento da crise de Maceió, [a Braskem] achou melhor cancelar sua participação em alguns painéis para evitar que o assunto sobrepujasse quaisquer outras discussões técnicas, dificultando eventuais contribuições que a empresa pudesse oferecer”, afirmou a companhia em comunicado.