CBI atualiza padrão para dívidas ESG do agro

Entidade referência em títulos sustentáveis, Climate Bonds Initiative agora certifica operações e empresas do setor agropecuário

Punhado de terra com uma muda crescendo com uma nota de dólar
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A Climate Bonds Initiative (CBI) anunciou uma atualização dos critérios para certificação de operações financeiras, empresas e ativos ligados ao agronegócio com base em sustentabilidade.

A entidade, com sede no Reino Unido, é referência na avaliação de dívidas sustentáveis.

Além das medidas tradicionais de emissões de carbono, os critérios incluem biodiversidade, uso da água e impactos sociais. A metodologia leva em conta ainda medidas voltadas à resiliência, algo cada vez mais relevante com a aceleração da mudança do clima.

O padrão se aplica para certificação de green bonds (cujos recursos são carimbados para um uso específico) e dívidas vinculadas à sustentabilidade (mediante objetivos definidos pelo emissor).

Também é possível certificar ativos ou entidades. “Isso significa certificar uma área produtiva ou de uma política de uso de insumos, ou então uma empresa”, afirma Leonardo Gava, gerente-sênior de transição agrícola da CBI no Brasil.

Neste último caso, a ideia é obter um aval que demonstra o alinhamento da companhia com os objetivos do Acordo de Paris. “Isso é especialmente relevante em um setor sob constante escrutínio”, diz Gava.

A sofisticação dos critérios para a avaliação de sustentabilidade permite o acesso a gestores sujeitos a mandatos mais rígidos em relação aos ativos em que podem aplicar seus recursos, afirma Gava.

Mas o caminho do agro no mercado de capitais tem outros obstáculos a superar.

Apesar de responder por quase um terço de todas as emissões de gases de efeito estufa global, o setor agrícola representa uma parcela muito pequena do total dos títulos ESG emitidos tanto no Brasil quanto no mundo, afirma Gava.

Energia e transportes, os dois outros grandes vilões climáticos, são muito mais ativos no mercado de capitais.

Um dos motivos tem a ver com a escala: operações de dívida são caras e complexas, e o negócio do campo tende a ser pulverizado em muitos produtores de médio e pequeno porte.

Uma das alternativas é o lançamento de títulos por cooperativas, por exemplo, que podem repassar os recursos para seus associados. Mas isso apenas não basta, segundo Gava. “O que vai fazer diferença é levar em conta esses critérios nos empréstimos.”