Em cinco anos, a demanda por combustíveis fósseis deve chegar ao ápice no mundo e, então, começará a cair, prevê a Agência Internacional de Energia (AIE) em relatório divulgado nesta quarta-feira.
A marca histórica deve ser atingida em meio à substituição dos derivados de petróleo por opções mais ambientalmente sustentáveis, definição de padrões mais duros de eficiência de veículos pelos reguladores e mudanças estruturais na economia.
Com a expectativa de que os veículos elétricos substituam os movidos à combustão – em especial em regiões com estímulos financeiros, como a União Europeia –, 80% do impacto deve recair sobre a demanda da gasolina, projeta a AIE.
A agência prevê que a demanda pelo petróleo bruto também desacelere até 2028, fim do período analisado, e que o pico esteja logo depois, na medida em que a transição energética ganhe tração. A geração de energia por gás natural e eletricidade renovável devem ter papel chave neste processo.
“Os produtores de petróleo precisam prestar muita atenção ao ritmo crescente da mudança e calibrar suas decisões de investimento para garantir uma transição ordenada”, disse o diretor executivo da AIE, Fatih Birol, em nota.
Mesmo com a desaceleração da demanda, a agência pressupõe que os principais produtores de petróleo mantenham os planos de aumentar sua capacidade.
Ao longo dos anos, o crescimento da oferta do óleo deve se concentrar fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), em países como Brasil, Estados Unidos e Guiana, responsáveis por 80% do aumento no período. A previsão é que Brasil e EUA renovem recordes de produção em 2028.
Em cinco anos, a oferta brasileira deve crescer em 970 mil barris de petróleo por dia, prevê a AIE, com a Petrobras responsável por 70% do aumento. No primeiro trimestre de 2023, o Brasil produziu 3,3 milhões de barris por dia.
“A Bacia de Santos produz atualmente 70% do petróleo do Brasil e é onde os principais projetos e expansões estão programados para ocorrer durante o período de previsão. Com uma taxa de declínio de produção de base entre 10-15% ao ano, qualquer atraso significativo no projeto ou problemas operacionais podem colocar em risco o crescimento projetado do Brasil”, pontua o relatório.
No que diz respeito à exploração, a expectativa da AIE é que a Petrobras lidere os projetos nas regiões que fazem fronteira com o país, “incluindo o norte da Margem Equatorial nos próximos anos, tentando aproveitar o sucesso visto na Bacia de Santos”. A agência não especifica, no entanto, se a exploração na região está incluída nas previsões de produção.
A primeira tentativa da estatal de perfurar um poço exploratório na região, especificamente na Bacia da Foz do Amazonas, foi frustrada pela negativa do Ibama para licença ambiental.