
As mudanças climáticas são um desafio urgente e transversal que afeta empresas, governos e toda a sociedade. A busca por soluções para prevenir e mitigar os impactos dos eventos extremos não reconhece fronteiras nem ideologias, é uma pauta global e inadiável.
Nesse cenário, empresas expostas a riscos climáticos crescentes têm uma responsabilidade ampliada: integrar múltiplas disciplinas para criar soluções inovadoras. Áreas de tecnologia, P&D, inteligência artificial, dados, sensores e Internet das Coisas (IoT) unem-se a meteorologistas, engenheiros e operadores, além de parceiros externos como empresas de tecnologia e startups.
Essa convergência de conhecimento é o motor da inovação capaz de antecipar ameaças e responder com eficiência a desafios antigos e novos.
No setor elétrico brasileiro, que já sente os efeitos das mudanças climáticas sobre sua infraestrutura e segurança do fornecimento, a inovação tornou-se essencial para mitigar riscos. Chuvas intensas, ventos extremos, descargas atmosféricas, ondas de calor, secas prolongadas e queimadas representam ameaças cada vez mais frequentes.
As políticas públicas e regulações setoriais têm evoluído para lidar com esse cenário. Normativos recentes da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), por exemplo, passaram a exigir o monitoramento climático e meteorológico e a emissão de alertas em planos de contingência das concessionárias de distribuição e transmissão.
Números alarmantes
Os dados reforçam a urgência dessa agenda. O Brasil possui quase 190 mil quilômetros de linhas de transmissão, sendo que a Axia Energia responde por mais de 74 mil, o equivalente a 39% do Sistema Interligado Nacional (SIN).
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), 2024 foi o ano mais quente da história moderna, com temperatura média global 1,55°C acima da média do período pré-industrial. O Brasil acompanhou essa tendência: o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) registrou aumento de 0,79 °C em relação à média histórica e classificou setembro de 2024 como o mês mais quente desde 1961.
Estudos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) mostram que, desde os anos 1990, os períodos de seca predominam, tornando-se mais intensos e duradouros. Além disso, o país é campeão mundial em incidência de raios. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) contabilizou cerca de 280 milhões de descargas entre 2020 e 2021, bem acima da média anual de 70 milhões.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alerta que grande parte do território brasileiro tende a sofrer aumento de episódios de precipitação extrema e alagamentos.
Enfrentar esses riscos não é uma tarefa fácil, mas buscar soluções inovadoras é inadiável. Na Axia Energia, por exemplo, foi criado um centro de monitoramento contínuo capaz de acompanhar, em tempo real, mais de 90 mil ativos.
A empresa utiliza inteligência artificial e aprendizado de máquina para prever e responder a situações críticas, apoiando decisões estratégicas de manutenção preventiva e preditiva. São ferramentas fundamentais rumo à transição.
Diante de desafios comuns a todo o setor, também são necessárias parcerias com órgãos reguladores, institutos de pesquisa, fornecedores e startups. Na Axia Energia, a colaboração com diferentes parceiros tem permitido o desenvolvimento de modelos e produtos rapidamente incorporados ao dia a dia operacional. Só essa integração com as rotinas da empresa podem garantir o sucesso das iniciativas.
A inovação climática também exige tecnologia. No setor energético, são necessários supercomputadores de alto desempenho (HPC), com um sistema robusto capaz de acelerar o treinamento e a inferência de modelos meteorológicos e climáticos, reduzindo o tempo entre a previsão e a tomada de decisão.
O setor elétrico brasileiro tem a missão e a escala necessárias para gerar inteligência, previsibilidade e resiliência diante do avanço dos eventos climáticos extremos. Garantir a segurança do Sistema Interligado Nacional e o acesso a uma energia elétrica confiável é uma tarefa coletiva. Na Axia Energia, estamos comprometidos em fazer nossa parte com inovação, ciência e responsabilidade para um futuro mais seguro e sustentável.
* Juliano Dantas é vice-presidente executivo de inovação, P&D, digital e TI da Axia Energia