
O americano Robert Francis Prevost, eleito como novo papa pelo colégio de cardeais da Igreja Católica nesta quinta-feira (8), defende que o mundo deixe as palavras de lado e se comprometa com ações práticas de combate à mudança do clima.
Quando cardeal, o agora papa Leão XIV participou de um seminário em Roma no fim de 2024 que discutiu a crise ambiental. “O domínio sobre a natureza – uma tarefa que Deus deu à humanidade – não deve se tornar tirânico”, disse à época. O evento foi organizado pelas embaixadas de Cuba, Bolívia e Venezuela junto à Santa Sé.
No discurso, ele advertiu contra as consequências “nefastas” do desenvolvimento tecnológico e defendeu o empenho da Igreja na proteção do ambiente, enumerando exemplos, como a instalação de painéis solares no Vaticano e a conversão para veículos elétricos na frota da igreja dentro do país. Até 2030, todos os carros a combustão serão substituídos. Prevost disse ainda que a relação com a natureza deve ser de “reciprocidade”.
A posição do papa Leão XIV é alinhada com a de Francisco, morto em 21 de abril. No mesmo evento, uma carta do falecido líder católico foi lida. Para Francisco, os sinais das mudanças climáticas “não podem ser escondidos ou disfarçados”.
Robert Francis Prevost, de 69 anos, também tem proximidade com as ideias de Francisco em relação à ajuda aos pobres e aos imigrantes.
Nascido em 14 de setembro de 1955, em Chicago, Illinois, Prevost fez os votos em 1981 e passou boa parte de sua vida no Peru, principalmente entre os anos 80 e 90.
Em 2014, regressou a América do Sul a pedido de Francisco, que o nomeou administrador apostólico da diocese de Chiclayo. Em 2015, foi elevado a bispo na região.
Desde 2023 ele comandava o Dicastério para os Bispos da Igreja Católica, cargo considerado poderoso com responsabilidade pela seleção de bispos. Ele ficou na posição até a morte de Francisco. No mesmo ano, foi elevado a cardeal.
Segundo o site especializado Cardinallium Collegii, o novo papa tem um histórico de poucas declarações sobre outros temas cruciais e em debate na Igreja, como a benção a casais do mesmo sexo, casamento de padres e inclusão de divorciados.
Ele seria menos enfático no apoio à questão LGBTQIA+ que Francisco, mas apoiou a permissão oficial para bençãos a casais do mesmo sexo no texto Fiducia Supplicans, de 2023.
Críticas a Trump e JD Vance
Com perfil ativo no X, antigo Twitter, o então cardeal Prevost compartilhou críticas à política migratória de deportação do presidente americano Donald Trump e a falas do vice-presidente americano, o católico JD Vance.
Em entrevista à Fox News, Vance afirmou que há um conceito cristão segundo o qual se deve amar primeiro a família, depois o vizinho, a comunidade e só então os outros cidadãos. “Muita da extrema-esquerda inverteu completamente isso”, disse.
O texto de crítica compartilhado por Prevost diz que o político está errado, e que não se deve ranquear o amor.
Donald Trump, que costuma negar as mudanças climáticas, parabenizou o novo papa logo após o anúncio da Igreja. O presidente disse que é uma honra para os Estados Unidos ter um papa americano.