COP28: Opep anuncia presença e reforça lobby do petróleo

Cartel dos países produtores terá pela primeira vez um estande oficial na conferência do clima

Logotipo oficial da COP28, que acontece em Dubai
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A Opep, cartel que representa as maiores nações produtores de petróleo do mundo, terá um estande na COP28, anunciou nesta terça-feira o secretário-geral da organização, Haitham Al Ghais.

Será a primeira vez que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo terá um espaço próprio na Zona Azul, área reservada para países, entidades setoriais e organizações da sociedade civil na Conferência do Clima.

“Espero que todas as vozes estejam na mesa na COP28”, afirmou Ghais num evento realizado no emirado de Fujairah. “A indústria do petróleo estará na COP, e nós, também.”

A COP deste ano acontece em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e a presidência do evento está a cargo de Sultan Al Jaber, CEO da Adnoc, a estatal de petróleo do país.

A esperada presença massiva de lobistas da indústria petroleira na conferência resultou em denúncias de que as negociações climáticas internacionais foram “capturadas” pelo lobby do setor.

A Agência Internacional de Energia afirmou num estudo recente que, para manter viva a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C no fim do século, a demanda por fósseis deveria cair 25% até 2030.

Também segundo a agência, o pico global de consumo de carvão, petróleo e gás vai acontecer ainda esta década. A Opep projeta um aumento de 16% na demanda por petróleo nas próximas duas décadas.

“Pedidos para o fim de investimentos em novos projetos são equivocados e podem levar ao caos econômico e energétic”, afirmou o presidente da organização.

Em entrevista recente, Al Jaber afirmou que o setor precisa se preparar para uma inevitável “redução gradual” dos combustíveis fósseis.

Um dos objetivos do presidente da COP é lançar em Dubai um “Aliança Global de Descarbonização”, iniciativa que pretende obter compromissos net zero de alguns dos maiores produtores do mundo.

A visão de Al Jaber prevê a sobrevida das petroleiras com o uso de sistemas de sequestro de CO2, o que permitira a venda de uma gasolina de “baixas emissões”.

Críticos afirmam que essa tecnologia ainda não foi comprovada em grande escala e que ela não evita o lançamento de carbono quando os combustíveis são utilizados.