Meta compra créditos de carbono do BTG

Dona do Instagram e do WhatsApp fecha aquisição de 1,3 milhão de toneladas, com possível expansão; explode a energia consumida pela IA

Vista aérea de data center da Meta na
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A gigante das redes sociais Meta anunciou nesta quarta-feira a compra de 1,3 milhão de créditos de remoção de carbono do TiG, divisão florestal do BTG Pactual.

O acordo tem duração prevista até 2038 e inclui uma opção de compra de outros 2,6 milhões de créditos pela companhia, dona de Facebook, Instagram e WhatsApp. O valor do negócio não foi divulgado.

A Meta é a mais recente Big Tech a buscar a compensação de suas emissões de gases de efeito estufa por meio de projetos de reflorestamento.

A Microsoft anunciou nos últimos meses três negócios com startups brasileiras – Mombak, Re.green e o próprio TIG – cujo negócio é vender o CO2 retirado da atmosfera por meio da recuperação de áreas degradadas.

Em março, a Apple fechou um aporte na também brasileira Symbiosys, com objetivo semelhante de fazer offset de carbono. A Meta afirma que a transação com o BTG é a maior feita pela empresa envolvendo um único projeto.

A companhia fundada há 20 anos por Mark Zuckerberg vai disponibilizar tecnologia para a operação de reflorestamento. Em parceria com a ONG internacional World Resources Institute, a Meta desenvolveu um sistema que mede a altura da copa das árvores com uma resolução de um metro.

Segundo a empresa, o sistema detecta árvores individuais a partir de imagens de satélite.

A pegada da IA

A Meta utiliza inteligência artificial para fazer as medições. As Big Techs estão envolvidas numa corrida armamentista para construir os enormes data centers necessários para treinar e rodar grandes modelos de linguagem (na foto, um data center da Meta na Irlanda).

Em paralelo, começa a se desenhar também uma nova avenida de demanda para as compensações de carbono, pois todos os grandes sistemas de IA consomem quantidades astronômicas de eletricidade.

Um único chip especializado da Nvidia, a líder nos processadores especializados que sustentam a revolução da IA, usa em um ano metade da eletricidade de uma residência média americana – o país tem um dos mais altos consumos domésticos do mundo.

Uma consulta ao ChatGPT exige cerca de dez vezes mais energia que uma ao Google. Estima-se que os data centers já respondam por algo entre 1% e 2% da energia elétrica gerada globalmente. Esse percentual pode chegar a até 4% no fim desta década.

A Meta tem um compromisso anunciado de zerar suas emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2030. Segundo a companhia, a maioria do objetivo será alcançado com a redução de emissões, e os créditos de carbono servirão para compensar o montante residual.

Reflorestamento

Subsidiária do BTG, o Timberland Investment Group (TIG) é um dos maiores gestores de investimentos florestais do mundo, com US$ 7,1 bilhões de ativos sob gestão e uma área de 1,2 milhão de hectares nos Estados Unidos e na América Latina.

A meta da empresa é restaurar 270 mil hectares nas próximas décadas, combinando silvicultura com a criação e manutenção de um estoque de carbono natural.

Por enquanto, a restauração teve início em 2,6 mil hectares. No modelo da companhia, as áreas para restauração são divididas em duas partes.

Em uma metade são plantadas espécies nativas do bioma; na outra, criam-se fazendas dedicadas à exploração comercial da madeira.