EUA vão fazer defesa dos créditos de carbono, diz Bloomberg

Governo do país vai apresentar diretrizes para que compradores comprem compensações sem medo de risco de reputação

Ilustração mostra dados indicando dióxido de carbono
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O governo americano deve apresentar na semana que vem um conjunto de diretrizes gerais para incentivar o uso de créditos de carbono como parte das estratégias climáticas corporativas. As informações são da Bloomberg.

A ideia é promover os créditos de alta integridade, que apresentam “reduções reais, adicionais e permanentes de emissões que não teriam ocorrido de outra forma”, segundo a agência.

A secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, deve anunciar os detalhes em um evento na próxima terça-feira, dia 28 de maio, em Washington.

As diretrizes também vão orientar as companhias a não usar o mercado de compensações voluntárias como substituto dos esforços de cortar diretamente as emissões de gases de efeito estufa de suas cadeias de valor, o chamado escopo 3.

(O Reset acaba de lançar um guia completo explicando o que são as emissões do escopo 3 e destrinchando oportunidades e desafios para as empresas que querem envolver seus fornecedores e clientes no caminho da descarbonização. Saiba mais!)

Cada crédito de carbono corresponde a uma tonelada de CO2 que deixou de ser lançada ou foi removida da atmosfera. Eles são adquiridos voluntariamente por empresas ou organizações que não estão sujeitas a obrigações regulatórias de redução de emissões.

Desde o início de 2023, denúncias de irregularidades e fraudes em projetos que geram créditos protegendo florestas – os mais comuns no Brasil – afastaram os compradores.

Como esses instrumentos não estão sujeitos a nenhum tipo de regulamentação oficial, iniciativas de autorregulação tentam recuperar a credibilidade desse instrumento. As duas principais, que envolvem participantes de todo o setor, são o ICVCM, do lado da oferta, e o VCMI, do lado da demanda.

O governo americano não deve endossar nenhuma das duas iniciativas, segundo a Bloomberg, mas as recomendações devem se basear na necessidade de transparência e alinhamento com a melhor ciência disponível. 

Os defensores do mercado voluntário afirmam que, apesar das imperfeições, o mecanismo é parte essencial do financiamento climático, especialmente por levar recursos privados a países pobres ou em desenvolvimento.

Já os críticos afirmam que a maioria dos créditos de carbono não correspondem a reduções cientificamente comprovadas e acabam servindo como instrumento de greenwashing para os compradores.

A expectativa é que o movimento dos Estados Unidos possa ajudar a destravar as transações. 

Segundo o jornal Financial Times, o volume de negociações dos contratos futuros de compensação voluntária de emissões de carbono do CME Group caiu 93% em abril na comparação com o mesmo período do ano anterior, por exemplo.

No momento, o mercado de compensações voluntárias de carbono vale cerca de US$ 2 bilhões, montante que pode chegar a US$ 1 trilhão até 2050, segundo projeções da BloombergNEF.