Com apoio da Microsoft, aliança quer padrão para crédito de carbono com blockchain

Com apoio da Microsoft, aliança quer padrão para crédito de carbono com blockchain
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Um dos principais problemas do mercado de crédito de carbono é evitar a dupla-contagem: garantir que a comercialização não seja feita mais de uma vez. Uma aliança que reúne grandes empresas como Microsoft, Nasdaq e Accenture está buscando uma solução no blockchain.

A iniciativa está dentro da InterWork Alliance (IWA), que incentiva empresas a adotar serviços e produtos baseados em tokens, e lançou um grupo de sustentabilidade para estimular o uso desses ativos em negócios sustentáveis.

“Hoje não há jeito correto de determinar se um crédito não foi vendido 100 vezes”, disse o arquiteto de blockchain da Microsoft e chairman da IWA, Marley Gray, ao Yahoo. 

A Microsoft quer desenvolver um mercado do qual deve ser uma das grandes compradoras. A empresa quer se tornar neutra em carbono até 2030 e compensar todas as emissões lançadas desde a fundação, em 1975, nos 20 anos seguintes. 

No Brasil, a fintech ambiental Moss já aposta na tokenização para certificar e dar liquidez aos créditos de carbono de projetos de floresta em pé na Amazônia.

“Não há crédito de carbono verificado no mundo hoje para satisfazer as necessidades da Microsoft apenas deste ano. E verificação é a palavra-chave”, disse Gray. “Toda grande companhia está vindo com esses objetivos de sustentabilidade, então temos que fazer algo dramático para aumentar a oferta de créditos verificados.”

O IWA quer começar pelos mercados voluntários de carbono — onde atuam as empresas que fazem compromissos espontâneos — e depois partir para os mercados regulados. 

Tecla SAP 

O mercado de carbono funciona de duas formas. 

Há os mercados regulados, em que governos locais determinam esquemas fechados envolvendo setores específicos. Hoje, dois terços do PIB mundial já tem algum tipo de formação de preço desse tipo, da Europa a estados americanos e canadenses, bem como províncias chinesas, que devem começar a adotá-lo neste ano. É aqui que está a maior liquidez. 

De outro lado, há os mercados voluntários, onde as empresas compensam a emissão basicamente por uma questão reputacional — leia-se pressão dos consumidores e de investidores, que cada vez mais estão cobrando uma postura em relação às questões ambientais. 

Os mercados voluntários de carbono representam apenas 70 milhões de toneladas, ou um valor de mercado de US$ 250 milhões, menos de 1% do que é negociado nos mercados regulados.

Apesar de ter as maiores florestas tropicais do mundo, o Brasil responde por uma parte pequena desses créditos: apenas cerca de 5 milhões de toneladas são certificadas no país, a grande maioria em projetos na Amazônia. 

Mas o potencial é gigantesco. Um relatório feito no começo do ano pela Schroders mostra que o Brasil poderia se tornar a Arábia Saudita do crédito de carbono. Segundo a gestora britânica, o Brasil poderia certificar 1,5 bilhão de toneladas por ano, 300 vezes mais que o patamar atual.