BNDES cancela compras de créditos de carbono

Banco de fomento havia criado na gestão anterior programa de R$ 300 milhões para incentivar o mercado voluntário

BNDES cancela compras de créditos de carbono
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O BNDES decidiu cancelar todos os contratos de compra de créditos de carbono fechados no ano passado, numa mudança de estratégia em relação à gestão anterior do banco de fomento. A comunicação às empresas vendedoras dos créditos foi feita na sexta-feira, por e-mail, seguido de conversas telefônicas.

A decisão acontece num momento em que o governo tenta implementar um mercado regulado de carbono, enquanto o mercado voluntário, que o banco buscou fomentar por meio das suas compras, enfrenta uma crise de credibilidade.

Em comunicado em seu site, o BNDES diz que entendeu ser ‘necessário reestruturar a estratégia de apoio do banco’ ao mercado voluntário de carbono. 

Não fica claro se a instituição pretende retomar os leilões de compra em novas bases ou se abandonará a prática, que se propunha a fomentar a demanda, ajudando a definir critérios de qualidade. Nos contatos telefônicos com os vendedores de crédito, representantes do banco indicaram que, depois de arrumada a casa, há intenção de retomar o programa de compras.

Foram duas as chamadas para compra de créditos de carbono no ano passado. A primeira, um piloto realizado em maio, foi de R$ 8,7 milhões. Depois, em agosto, o banco lançou uma chamada de R$ 100 milhões, a primeira de em escala, de um programa que pretendia atingir R$ 300 milhões em compras. 

Ambas foram canceladas agora, pegando os vendedores de surpresa. A possibilidade de cancelamento era prevista nos editais das chamadas.

“Foi uma notícia frustrante pelo passo atrás e pelo recado que pode passar ao mercado, de não incentivo”, diz executivo de uma das empresas que haviam sido selecionadas nas chamadas. “Investimos energia da equipe e recursos [para participar das chamadas]. Mas já temos propostas para vender os mesmos créditos.”