A B3 está criando uma bolsa para créditos de carbono. Entenda como vai funcionar

Fruto de parceria com a AirCarbon Exchange, plataforma deve começar a realizar leilões já no primeiro trimestre de 2024

A B3 fechou parceria com a AirCarbon Exchange e vai lançar plataforma para negociar créditos de carbono
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A B3 anunciou a criação de uma plataforma para negociar créditos de carbono no Brasil, apostando em dar capilaridade e transparência a essas transações, que hoje acontecem de forma privada entre vendedores e compradores. As atividades devem começar já no primeiro trimestre de 2024, com a realização de leilões de oferta, diz Leonardo Paulino Betanho, superintendente de produtos balcão da B3.

A plataforma é resultado de uma parceria com a AirCarbon Exchange (ACX), de Cingapura, uma bolsa digital para compra e venda de créditos de carbono, que também está presente em Abu Dhabi e tem uma parceria com a bolsa de Atenas, e negocia créditos de projetos em mais de 30 países. 

A ideia é que a plataforma permita que os vendedores de créditos gerados no Brasil, normalmente desenvolvedores de projetos, encontrem mais compradores, dentro ou fora do país. 

“Buscávamos quem pudesse alavancar o potencial do país para exportar créditos de carbono e, além disso, a ACX já tinha um apetite interessante pelo mercado brasileiro”, diz Betanho. 

Hoje a ACX já tem uma pequena operação no Brasil, mas vai receber até R$ 10 milhões em apoio da B3 para fortalecer a infraestrutura de negociação brasileira, com interface e idioma adequados, facilitação do acesso por negociadores e uma equipe comercial. Neste momento não há participação societária da B3, possibilidade que não está descartada no futuro.

O modelo de leilão já foi usado no ano passado pela TemBici, de bicicletas compartilhadas, que ofertou 750 créditos de carbono de micromobilidade. Na ocasião, StoneX Financial e Climate Seed, do francês BNP Paribas, arremataram lotes pelo valor aproximado de US$ 8,50 a tonelada de carbono. 

As informações de cada projeto, como quantidade de créditos gerados e localização, serão fornecidas na plataforma. As fontes geradoras poderão ser variadas, como soluções baseadas na natureza, remoção de carbono ou projetos de energia renovável, desde que validados pelas principais certificadoras do mundo.

Apelidada de “bolsa de carbono”, a ACX também permite a negociação direta entre empresas e afirma ter uma taxa muito abaixo das praticadas em corretoras. 

A B3 não receberá qualquer taxa sobre as negociações feitas no âmbito da ACX, que seguirá com sua operação independente, diz Betanho. Também não há uma expectativa definida sobre a movimentação no primeiro ano. 

“Queremos auxiliar a eletronização desse mercado e, para isso, é preciso respeitar suas dinâmicas e características, e se debruçar sobre corretores e traders”, afirma o superintendente. 

Nas próximas semanas, porém, a bolsa deve criar um espaço de registro dos créditos de carbono, como já é feito com outros produtos negociados em balcão.