Cali, Colômbia – É feriado em Cali. Mas ao contrário do clima de descanso a que a data pode remeter, a cidade está agitada e o trânsito, carregado. O tema do dia é “Paz com a Natureza”, mas um caos controlado se instala pela cidade em direção ao Centro de Eventos Valle del Pacifico em meio à chegada dos chefes de Estado à COP16 da Biodiversidade.
O secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, os presidentes de México, Peru, Panamá, Honduras, Gana, Suriname, Moçambique, Haiti e Guiné-Bissau, e os vice-presidentes de Cuba e Quênia são esperados hoje na conferência.
Sol forte, conversas mornas
O sol forte dos últimos dias não foi suficiente para esquentar as negociações na primeira semana da conferência, que teve início na segunda-feira passada, 18. Na semana decisiva da COP16, a expectativa é que a participação das autoridades acelere o ritmo das discussões diplomáticas. Dos mecanismos financeiros à inclusão das pautas de povos indígenas, ainda são centenas as decisões que se espera que sejam tomadas até o fim da conferência, em 1º de novembro.
Policiamento ostensivo
Com a chegada dos líderes, o policiamento foi reforçado nos arredores do centro de eventos, e a presença dos 11 mil policiais e militares enviados a Cali pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, ficou mais evidente. O número cresceu depois de ataques do Estado Maior Central, dissidência das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), em outras cidades do país no fim de semana que antecedeu a COP16.
Rumo a Belém?
Em meio aos inúmeros painéis batizados de “De Cali a Belém”, que tratam da relação entre mudanças climáticas e biodiversidade e a trajetória até a conferência do clima que acontecerá no Brasil no ano que vem, a presença do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, também era esperada.
No entanto, Lula desmarcou a viagem após um acidente doméstico e avisou que também não viajará a Baku, no Azerbaijão, para a COP29, que começa no dia 11. A próxima participação do presidente em COPs, portanto, deve ser em casa.
Excesso de ousadia
Na ausência de Lula, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é a mais alta autoridade brasileira da conferência. Na segunda-feira, em seu primeiro dia na conferência, a ministra usou seus discursos para bater na tecla de que é necessário reverter fluxos de recursos para a preservação da natureza e o combate às mudanças climáticas.
“Temos que pensar em algo que pode parecer excessivamente ousado: fluxos financeiros com lastros do capital natural”, disse em uma de suas falas. O recém-lançado Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), o Tropical Forest Forever Facility (TFFF), fundo proposto pelo Brasil para remunerar economias em desenvolvimento pelas florestas em pé, o Plano de Transformação Ecológica e o EcoInvest também foram destacados por Silva.