Fundo florestal do BTG capta com Singapura e chega a US$ 672 milhões 

O Timberland Investment Group (TIG), braço de investimento em florestas do BTG Pactual, anunciou nova captação para o seu fundo de reflorestamento da América Latina, que alcançou US$ 672 milhões em patrimônio. 

O novo aporte foi feito pela GenZero, plataforma de investimentos em transição climática da Temasek, holding do governo de Singapura. 

No ano passado, o fundo havia atingido a marca de US$ 500 milhões. O banco, porém, não revela os aportes feitos desde então nem o valor específico dessa nova rodada de captação.

A meta do TIG é chegar em US$ 1 bilhão para reflorestar cerca de 270 mil hectares no Brasil e em outros países da América Latina. O projeto se divide em dois: metade com plantas nativas para restaurar ecossistemas e outra metade com espécies exóticas, como pinus e eucalipto, para fins comerciais. 

A exploração de madeira e a geração de créditos de carbono serão as fontes de receita dos projetos. Microsoft e Meta estão entre os compradores de créditos de carbono, com contratos fechados no ano passado. 

“O compromisso da GenZero reconhece nossa estratégia de reflorestamento na América Latina como um modelo de restauração em grande escala, baseada em ciência, capaz de gerar benefícios climáticos, de biodiversidade e sociais”, disse Mark Wishnie, líder da área de sustentabilidade do BTG Pactual TIG. .

A GenZero foi criada há três anos pela Temasek, holding estatal de investimentos de Singapura, que tem cerca de 484 bilhões dólares de Singapura em ativos sob gestão, segundo dados de 2024.

Lançada com um aporte inicial de 5 bilhões de dólares de Singapura, a GenZero concentra seus investimentos em três frentes: (1) tecnologias para reduzir e remover carbono; (2) soluções baseadas na natureza, voltadas à proteção e restauração de ecossistemas; e (3) infraestruturas que fortalecem o mercado de carbono, garantindo mais eficiência e credibilidade às transações.

Cerrado em foco

Um dos focos do fundo do BTG é o Cerrado – o segundo maior bioma do Brasil e um dos mais ameaçados. 

Até o momento, o projeto cobre cerca de 11 mil hectares de vegetação nativa, formando uma área conectada de 40 mil hectares de habitat — o equivalente a um terço da cidade do Rio de Janeiro. Nessa área, foram registradas mais de 500 espécies de flora e fauna.

O TIG desenvolve, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (MG), um projeto de pesquisa para avaliar diferentes metodologias de restauração no bioma.

“O que está acontecendo no Cerrado mostra que a restauração em larga escala é possível quando ciência e finanças atuam juntas”, disse Mauricio Bianco, vice-presidente da Conservation International Brasil, ONG que apoia a estratégia do TIG.

O TIG tem US$ 7,3 bilhões em ativos florestais e compromissos e 2,9 milhões de acres sob gestão nos Estados Unidos e na América Latina, segundo dados do segundo trimestre de 2025.

No portfólio de investidores do fundo, estão a International Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial, a Instituição Financeira de Desenvolvimento dos Estados Unidos (DFC, na sigla em inglês), o Banco Holandês de Desenvolvimento Empresarial (FMO, na sigla em inglês) e o governo do Reino Unido.