(Publicada às 9:00 e atualizada às 11:35 com a lista mais recente de signatárias)
Em manifesto divulgado hoje, os CEOs de empresas que atuam no Brasil afirmam estar preocupados com o impacto nos negócios da atual percepção negativa da imagem do Brasil no exterior causada pelos problemas ambientais e sociais na Amazônia.
Conforme antecipado ontem pelo Reset, o documento foi apresentado ao vice-presidente Hamilton Mourão no fim da semana passada e protocolado ontem no Palácio do Planalto.
A articulação foi feita pelo Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), que também é signatário.
Assinam o documento os CEOs de: Agropalma, Alcoa, Amaggi, Ambev, Bayer, Bradesco, BrasilAgro, Cargill, Cosan, DSM, Ecolab, Eletrobras, ERM, Grupo Vamos, Iguá Saneamento, Itaú, Jacto, JSL, Klabin, LVMH, Marfrig, Mauá Capital, Michelin, Microsoft, Movida, Natura, Rabobank, Santander, Schneider Electric, Shell, Siemens, Sitawi, Stefanini, Sunew, Suzano, Ticket Log, TozziniFreire, Vale, Vedacit e WeWork.
Bradesco e Ambev tomaram a decisão de subscrever a carta na noite de ontem. Em versão que circulava no fim do dia, os dois nomes não constavam e pessoas envolvidas na articulação ainda negociavam a inclusão.
O documento conta ainda com o endosso da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).
Na carta, o grupo se coloca à disposição do Conselho da Amazônia, liderado por Mourão, para contribuir com soluções para o combate ao desmatamento ilegal na floresta e nos demais biomas, e a inclusão social e econômica de comunidades locais para garantir a preservação das florestas.
Veja a íntegra do manifesto:
COMUNICADO DO SETOR EMPRESARIAL BRASILEIRO
Neste momento, em que enfrentamos uma situação extrema, extraordinária e excepcional, é muito importante manter a serenidade e o equilíbrio para que possamos superar e sair fortalecidos dos desafios que se apresentam. Em nenhum momento da história o futuro da humanidade e do planeta dependeu tanto da nossa capacidade de entendimento de que vivemos em um único planeta e de que a nossa sobrevivência está diretamente ligada à preservação e valorização dos seus recursos naturais.
Os impactos sociais e econômicos causados em escala global e de forma inédita pela pandemia da COVID-19 nos advertem que a consumação de riscos associados à quebra do equilíbrio ecossistêmico traz consequências devastadoras quando negligenciados, tal como vem ocorrendo com o risco climático apontado pelo Fórum Econômico Mundial ano após ano, desde 2012.
Cientes disso, o setor empresarial brasileiro, por meio de instituições e empresas dos setores industrial, agrícola e de serviços, vêm hoje reafirmar seu compromisso público com a agenda do desenvolvimento sustentável.
Particularmente, esse grupo acompanha com maior atenção e preocupação o impacto nos negócios da atual percepção negativa da imagem do Brasil no exterior em relação às questões socioambientais na Amazônia. Essa percepção negativa tem um enorme potencial de prejuízo para o Brasil, não apenas do ponto de vista reputacional, mas de forma efetiva para o desenvolvimento de negócios e projetos fundamentais para o país.
Nesse contexto, esse grupo coloca-se à disposição do Conselho da Amazônia para contribuir com soluções que tenham foco nos seguintes eixos:
• Combate inflexível e abrangente ao desmatamento ilegal na Amazônia e demais biomas brasileiros;
• Inclusão social e econômica de comunidades locais para garantir a preservação das florestas;
• Minimização do impacto ambiental no uso dos recursos naturais, buscando eficiência e produtividade nas atividades econômicas daí derivadas;
• Valorização e preservação da biodiversidade como parte integral das estratégias empresariais;
• Adoção de mecanismos de negociação de créditos de carbono;
• Direcionamento de financiamentos e investimentos para uma economia circular e de baixo carbono; e
• Pacotes de incentivos para a recuperação econômica dos efeitos da pandemia da COVID-19 condicionada a uma economia circular e de baixo carbono.
Algumas das empresas signatárias já desenvolvem soluções de negócios que partem da bioeconomia, com valor agregado e rastreabilidade dos produtos, inclusive, na Amazônia. De um lado, entendemos que é possível dar escala às boas práticas a partir de políticas consistentes de fomento à agenda ambiental, social e de governança. De outro, é necessário adotar rigorosa fiscalização de irregularidades e crimes ambientais na Amazônia e demais biomas brasileiros.
Temos a oportunidade única, os recursos e o conhecimento para dar escala às boas práticas e, mais do que isso, planejar estrategicamente o futuro sustentável do Brasil. Precisamos fazer as escolhas certas agora e começar a redirecionar os investimentos para enfrentamento e recuperação da economia brasileira em um modelo de economia circular, de baixo carbono, e inclusiva, em que não há controvérsias entre produzir e preservar. Em nosso entendimento, esse é o melhor caminho para fincarmos os alicerces do país para as próximas gerações. Caso contrário, corremos o risco de ficarmos à margem da nossa própria história.