(Atualizada em 6/jul*) Investimento de impacto é só coisa para multimilionário? Pense de novo.
A Sitawi Finanças do Bem abre no dia 13 de julho uma nova rodada de investimento de impacto, com tíquete mínimo de R$ 1 mil — e desta vez, com foco em negócios focados na conservação da Amazônia.
É a quinta (e maior) rodada feita pela plataforma de empréstimo coletivo, numa estrutura desenhada no formato de peer-to-peer lending, de empréstimo direto entre investidores e tomadores. Ao todo, serão levantados R$ 3,3 milhões para quatro negócios (conheça mais sobre eles abaixo).
“A oportunidade de financiamento trazida pela plataforma tende ao empreendedor que criou um negócio que gera impacto, mas que não tem acesso a fundos de investimento, nem crédito bancário acessível”, explica Leonardo Letelier, CEO da Sitawi.
A taxa de juros do empréstimo é de 6,5% ao ano — com carência de três meses para o começo do pagamento, que será feito ao longo de 33 meses, com amortização do principal já acrescida dos juros mensais.
Até hoje, nas quatro outras rodadas, não houve problemas com inadimplência. Os inscritos passam por um criteriosos processo de diligência a fim de mensurar a capacidade de endividamento, projeção de liquidez e validação de impacto socioambiental positivo.
Mas a estrutura contempla ainda um “capital paciente” de parceiros da Sitawi para dar suporte às companhias em determinadas condições de estresse, afirma Letelier.
Conheça os selecionados
A maior parte da captação, R$ 1,5 milhão, vai para a Tobasa Industrial, uma bioindústria familiar pioneira, fundada em 1968 em Tocantinópolis (a 600 km de Palmas), para criar soluções para aproveitamento integral do coco do babaçu.
Endêmico da região, tradicionalmente menos de 6% do fruto era utilizado para extração das amêndoas. Com um processo produtivo patenteado, a Tobasa produz óleo, torta proteica, biomassas energéticas, farinhas, álcool e carvão ativado granulado a partir do coco.
O dinheiro será utilizado para a compra de matéria-prima, bem como para a ampliação do raio de conservação florestal e incremento da sua atuação social junto aos extrativistas. Ao todo, a Tobasa abrange indiretamente uma área de 200 mil hectares de florestas nativas manejadas, de forma sustentável pela comunidade local, gerando renda para 1500 famílias e 180 funcionários da fábrica.
Outros R$ 1 milhão da rodada serão voltados para a 100% Amazônia, comercializadora especializada na busca de recursos florestais renováveis que podem ser transformadas em ingredientes para as indústrias de alimentos, suplementos e bebidas, bem como a indústria de cosméticos.
Fundada em 2009 por uma diretoria totalmente feminina, a empresa hoje trabalha com 50 produtos florestais de 25 espécies botânicas — todos obtidos por meio de parcerias com cooperativas e comunidades locais — e exporta para mais de 60 países. O empréstimo será utilizado para a compra de maquinário para a indústria e compra de matéria-prima para beneficiamento.
Ainda na seara do empreendedorismo feminino, a rodada da Sitawi vai contemplar também a Luisa Abram Chocolates. Criada em 2014, a empresa familiar faz barras de chocolate a partir do cacau selvagem da Amazônia, aquele não é plantado, mas encontrado na floresta de forma natural e já chega a todo o Brasil, com ecommerce e lojas como Empório Santa Luiza e St. Marche, além de um contrato com a sorveteria Bacio Di Latte.
A empresa vai utilizar os R$ 300 mil levantados para ampliar a capacidade operacional da fábrica, além de capital de giro, com pagamento a novos fornecedores de cacau e contratação de funcionários. Atualmente, a Luisa Abram compra o cacau selvagem de cinco regiões distintas da floresta, totalizando aproximadamente 600 cooperados ou extravisitas individuais envolvidos na coleta.
Por fim, mais R$ 300 mil da rodada vão financiar o capital de giro para fomento de safra da Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru (Comaru), que comercializa óleo de castanha do Brasil — o principal produto florestal não madeireiro na Amazônia.
Localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, com 806 mil hectares de floresta nativa na cidade de Laranjal do Jarí no Amapá, a cooperativa foi criada em 1992 pelos castanheiros para organizar a venda de seus produtos e aumentar o poder de negociação com os clientes. São mais de 92 cooperados, além de 76 famílias agregadas que também fornecem castanha para a cooperativa.
Como participar
Os detalhes da rodada serão apresentados em uma live promovida pela Sitawi na próxima quarta-feira (dia 23). Para participar da captação, o investidor deve fazer parte da base de contatos da Sitawi, através da página de cadastro na live.
A julgar pelas últimas rodadas da plataforma de empréstimo coletivo, o interesse pela modalidade é grande. As últimas captações se esgotaram em menos de 24 horas, com mais de 80% dos investimentos com valor abaixo de R$ 5 mil.
Toda a operação é realizada em parceria com a Mova, a primeira fintech de Peer-to-Peer Lending aprovada e supervisionada pelo Banco Central na forma de Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP).
Seguindo a praxe do mercado de impacto, os investidores participantes receberão relatórios trimestrais sobre a situação do negócio e o efeito que ele tem causado.
O Instituto Sabin é parceiro estratégico da Sitawi na plataforma de empréstimo coletivo.
Já a rodada amazônica é uma iniciativa da plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA) e tem como parceiros e financiadores a Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional (USAID) e o Instituto Humanize.
* Reportagem atualizada para refletir a nova data para a rodada de captação. A Sitawi havia informado anteriormente que a rodada aconteceria em 30 de junho, mas a data foi alterada para 13 de julho.