A química suíça Clariant acaba de colocar os dois pés na Amazônia.
A empresa fechou na semana passada a compra dos 70% restantes da Beraca, fabricante de ingredientes naturais para a indústria de cosméticos, que pertencia à família Sabará.
Desde 2015, a Clariant, um spinoff da Sandoz, já tinha 30% do capital da Beraca.
“A associação com a Clariant nos trouxe acesso a tecnologias e ao mercado asiático. O negócio foi muito bem e foram disparados os gatilhos previstos em contrato para eles assumirem o controle”, diz Ulisses Sabará, um dos fundadores da Beraca.
O valor da operação não foi revelado.
A Beraca é uma das principais fabricantes de óleos, manteigas e outros ingredientes botânicos para o segmento de cuidados pessoais, fornecendo para empresas como Natura, Boticário, L’Occitane e Lola Cosméticos. Com uma fábrica em Ananindeua, no Pará, ela emprega 90 funcionários e faturou cerca de R$ 75 milhões em 2020.
Segundo Ulisses, seu sobrinho, Daniel Sabará, segue como CEO da empresa e a Clariant manterá o mesmo relacionamento com as comunidades fornecedoras de bioingredientes, tanto na Amazônia quanto em outros biomas, como o Cerrado e a Caatinga.
Atualmente, a Beraca compra matéria-prima de cerca de 2 mil famílias, reunidas em cerca de 180 grupos comunitários como cooperativas.
“Com seu foco em processos e produtos sustentáveis, a Beraca encaixa-se perfeitamente no portfólio da Clariant”, disse, em nota, o CEO da Clariant, Conrad Keijzer. “Ganhamos um valioso acesso a matérias-primas naturais, baseadas na biodiversidade da floresta tropical brasileira.”
Com a saída da Beraca, que ainda depende de aprovação do Cade, o Grupo Sabará se mantém em outras três linhas de negócios: a Sabará Químicos e Ingredientes, que fornece soluções para tratamento de água, a BioE, que opera a única fábrica de clorito de sódio da América Latina, insumo usado no tratamento de água, além da Concepta, que produz ingredientes naturais para a indústria de alimentos.
A expectativa do grupo, diz Sabará, é crescer os dois primeiros negócios na esteira das concessões de água e esgoto no país, enquanto a Concepta aposta no avanço de alimentos à base de plantas.
No ano passado, o Grupo Sabará faturou R$ 274,4 milhões.