A Nova Zelândia divulgou um plano para taxar os arrotos dos bois e das ovelhas, o que pode fazer do país o primeiro a cobrar os fazendeiros pelas emissões de metano de seus rebanhos.
Num país com duas cabeças de gado e cinco de ovelhas para cada habitante, a pecuária é a principal fonte de emissão de gases de efeito estufa, respondendo por quase metade do total.
A atividade é relevante também no perfil de emissões do Brasil, onde a fermentação entérica fica atrás apenas do desmatamento e é praticamente equivalente aos gases de efeito estufa da queima de combustíveis.
A Nova Zelândia já tem um esquema de comércio de emissões de gases de efeito estufa, mas a agropecuária estava fora dele.
Pela nova proposta, feita por uma força-tarefa conjunta que inclui representantes do setor e o governo, a taxação começaria em 2025.
A ideia é que haja uma taxação no nível de cada fazenda, com um valor a ser pago por tonelada de gás de efeito estufa emitido. Haverá incentivos para quem suplementar as rações com aditivos que reduzam a produção de metano na digestão dos animais.
Sequestro de carbono no nível das propriedades, por meio do plantio de árvores, por exemplo, poderá entrar na conta para compensar as emissões.
A precificação seria diferente para os chamados gases de vida curta e vida longa. O metano é um gás de efeito estufa de vida curta (porque dura menos tempo na atmosfera), mas é superpotente – sendo o segundo maior contribuidor para o aquecimento global. Já o dióxido de carbono e o óxido nitroso são considerados gases de vida longa.
A proposta é que a receita levantada nesse esquema seja usada para pesquisa, desenvolvimento e consultoria para que os fazendeiros possam adotar técnicas de mais baixo carbono.
Apesar do desenho geral, vários detalhes de como funcionará o esquema e como será feita a mensuração ainda precisam ser decididos.
“Não há dúvidas de que precisamos cortar a quantidade de metano que estamos colocando na atmosfera, e um sistema de precificação de emissões efetivo para a agricultura será uma parte relevante para atingir esse objetivo”, disse o ministro de mudanças climáticas da Nova Zelândia, James Shaw, em nota.
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