A pandemia derrubou o consumo de gasolina — e agora a International Energy Agency (IEA) afirma que é muito improvável que o mundo volte a consumir o combustível nos mesmos níveis de 2019.
E a culpa é dos carros elétricos, pelo menos parcialmente.
Ainda que o consumo deva se recuperar em relação à queda brusca do ano passado, a demanda por gasolina em países membros da OCDE, mais desenvolvidos, voltará a cair, compensando um aumento em países que ainda terão um crescimento no consumo, como Índia e o Brasil, aponta a agência.
A expectativa é de que haja 60 milhões de veículos elétricos circulando até 2026, nas contas da IEA. Isso representa uma queda na demanda por gasolina da frota global de veículos estimada em um milhão de barris por dia, número amplificado pela maior eficiência de consumo de novos automóveis inseridos no mercado até lá.
A eletrificação do setor vem ocorrendo de maneira acelerada, com a Volkswagen sendo a mais recente das grandes montadoras a anunciar planos robustos para a transição. Esta semana, a companhia anunciou uma mudança de estratégia que a faria assumir o controle da produção de suas baterias e suas estações de carregamento.
A demanda por petróleo bruto, usado desde a indústria petroquímica até para abastecer aviões, deve continuar aumentando, mas em um ritmo mais lento em relação a níveis pré-pandêmicos.
A previsão atual da IEA mostra que o consumo da commodity deve chegar a 104 milhões de barris por dia em 2026, ou cerca de 4,4 milhões de barris acima do que foi registrado em 2019.
É um ritmo de crescimento ligeiramente mais fraco do que o previsto pela agência antes da pandemia, mas ainda está longe de ser o suficiente para que sejam atingidas metas de emissões de carbono até 2050.
“Uma transição muito mais forte em direção a um futuro de energia mais limpa será necessária. Isso envolverá políticas governamentais mais concretas mais ação legislativa, bem como grandes mudanças comportamentais”, diz a IEA.