A British Petrol (BP) anunciou hoje que vai assumir o controle da BP Bunge Bioenergia, joint-venture que mantém desde 2019 com a americana Bunge, uma das maiores processadoras de grãos e oleaginosas do mundo. A transação, avaliada em US$ 1,4 bilhão, marca uma mudança de rota da petroleira, que vai focar no Brasil projetos de inovação ligados a biocombustíveis.
A petroleira vai pagar US$ 800 milhões para a Bunge por sua metade da JV, US$ 700 milhões das obrigações de arrendamento e assumir US$ 500 milhões em dívidas.
A expectativa é que o negócio seja concluído no quarto trimestre deste ano.
Com o investimento, a BP será capaz de produzir o equivalente a 50 mil barris de etanol de cana-de-açúcar por dia. O investimento também vai servir para o desenvolvimento de novas frentes de bioenergia para a companhia, como o etanol de segunda geração, que pode ser transformado em combustível de aviação sustentável (SAF), e o biogás, diz a empresa, em comunicado.
A petroleira decidiu simplificar o portfólio “para focar em valor e retorno”, e concentrou os processos de inovação no Brasil. Ao redor do mundo, em localidades não informadas, foram pausados dois projetos potenciais e outros três seguem em avaliação.
“Espera-se que esta aquisição e o foco em projetos-chave de produção de biocombustíveis apoiem o crescimento contínuo do negócio estratégico de bioenergia da BP, que inclui biocombustíveis e biogás”, diz a BP.
A compra da BP Bunge Bioenergia contribui para a meta da petroleira de entregar US$ 2 bilhões em EBITDA de energia e outros US$ 3 bi a US$ 4 bi em cada frente de crescimento.
A decisão da companhia de reforçar sua aposta no etanol brasileiro vem pouco mais de um ano da decisão de suavizar suas metas climáticas, quando decidiu que irá cortar 25% de sua produção de combustíveis fósseis até o fim da década – não mais 40%.
Os acionistas se dividiram: parte recebeu a decisão com duras críticas, enquanto outros seguem questionando se alternativas renováveis serão tão rentáveis quanto o petróleo.
Em janeiro, Murray Auchincloss assumiu como CEO da BP, no lugar de Bernard Looney. A substituição foi vista como uma continuidade da gestão anterior, e recebeu de herança os desafios de longo prazo: por um lado, convencer investidores da oportunidade da transição energética e, por outro, lidar com as críticas de ativistas.